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Gêmeos Xifópagos

Publicada em 17/08/2012 às 14h31

Gêmeos xifópagos são gêmeos idênticos, monozigóticos, sendo a apresentação mais comum de gêmeos siameses, cujos corpos já estão unidos no útero através do apêndice xifoide, parte inferior do tórax e região umbilical. Podem ter comunicação intestinal e o fígado, geralmente, é unido, sendo o sistema biliar independente na grande maioria dos casos com falha aponeurótica importante da parede abdominal. Outras formas de união dos siameses podem ser pela cabeça, através do tórax, região coccigea ou bacia, ou mesmo uma união ampla: toracoisquiópagos.

O diagnóstico pode ser dado na gravidez por ultrassonografia devendo haver um planejamento do parto, que tem que ser operatório e realizado por obstetra experiente, em maternidade com UTI Neonatal.

É uma anomalia rara, cuja frequência é estimada de 1 caso para 50.000 a 100.000 nascidos vivos, sendo um pouco maior no sudoeste da Ásia e África e no sexo feminino . A patologia deve-se que o ovo ou zigoto não chega a se dividir por completo, produzindo gêmeos que estarão ligados por uma parte do corpo desenvolvidos na mesma placenta. Cinquenta por cento são natimortos por anomalias graves associadas, e uma fração menor de pares de nascidos vivos tem anomalias incompatíveis com a vida. A taxa de sobrevida global da separação dos gêmeos unidos varia de acordo com a complexidade da malformação. Tem implicação ético-médica legal importante, principalmente nas situações de parasitismo de um deles, exigindo cirurgia imediata para salvar uma das crianças e por despertar curiosidade pública.

Após o nascimento, as crianças devem passar por uma série de exames de imagem para certificar-se que órgãos estão unidos e se há possibilidade de separação cirúrgica, principalmente aqueles unidos pelo tórax, pois pode haver fusão cardíaca. Os pais devem participar da elaboração dos exames, explicando-lhes as possibilidades de cirurgia de separação e se ambas ou não poderão ter uma vida normal. Geralmente, a cirurgia é eletiva e realizada a partir do terceiro mês de vida, dependendo do peso e condições clínicas, exigindo uma preparação muito bem planejada com profissionais em alguns casos de outras áreas, especialmente cardiovascular, cuja coordenação deve ser do cirurgião pediátrico. O tempo de cirurgia é demorado e deve ser realizado em hospitais de referência.

 

Wilberto Silva Trigueiro

Wilberto Silva Trigueiro

CRM-PB: 871

Especialidade: Cirurgião pediátrico

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