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Artigos Médicos
Reflexos do Refluxo GE no Aparelho Respiratório
Publicada em 15/03/2013 às 17h
A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) tem um comportamento esquisito. Nasce no aparelho digestivo, mas vai incomodar seu vizinho do andar de cima, o aparelho respiratório.
Vamos entender: entre o esôfago e o estômago, existe uma válvula (esfincter) que se abre para dar passagem ao alimento e se fecha para evitar seu retorno. Um relaxamento importante nesse esfincter vai provocar a subida de gotículas do suco gástrico que, diga-se de passagem, só quem suporta a agressividade de sua acidez é o próprio estômago (mesmo assim, ainda existe muita gastrite por aí afora).
De cada 10 episódios de refluxo, 3 a 5 deles sobem ao aparelho respiratório sem dar um beliscão no esôfago (aparelho digestivo). Chegam à laringe (rouquidão), à traqueia (tosse) e ao nariz (rinossinusite).
No pulmão, o estrago é maior. Atenção redobrada com as pneumonias de repetição que atormentam muita criança. As grandes responsáveis são as microaspirações que, vez por outra, gostam também de provocar bronquiectasias e fibrose pulmonar. Ambas, sem a menor chance de reversibilidade.
Se nas pneumonias de repetição as vilãs são as microaspirações, na asma relacionada ao refluxo quem costuma fazer papel de bandido é o reflexo vagal esofagobrônquico. Já na asma de difícil controle, a sensatez manda avisar que a DRGE precisa ser muito bem investigada.
Com relação à tosse, às vezes com sensação de sufocamento, vamos dividir a culpa. Os dois mecanismos, reflexo esofagobrônquico (gotículas excitando terminais nervosos no esôfago) e as microaspirações (na laringe, traqueia, brônquio, pulmão), estão envolvidos com esse sintoma. É indispensável informar que a tosse crônica está presente em mais de 50% das DRGEs, como única e exclusiva manifestação clínica.
Nem sempre é fácil fechar o diagnóstico da DRGE. A história clínica e a pHmetria esofágica de 24 horas são os suportes mais confiáveis.
A correção da DRGE exige, pelo menos, dois meses de tratamento medicamentoso, associado a orientações dietéticas específicas. A intervenção cirúrgica é uma alternativa sempre considerada nos casos mais refratários.
Sebastião de Oliveira Costa
CRM-PB: 1630
Especialidade: Pneumologia e Alergologia. Dr. Sebastião é presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba e membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira