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Artigos Médicos
O cigarro na adolescência
Publicada em 24/08/2018 às 18h
Uma evidência gratificante dentro do tabagismo: os adultos estão largando o cigarro. Lastimável que os jovens, transitando na contramão da conscientização antitabágica, estejam colocando uma pedra no caminho das metas de redução mais consistentes do consumo de cigarros.
A adolescência é o período em que a personalidade está sendo formada e sedimentada, um momento de grande fragilidade do jovem que a "psicologia monetária" da indústria tabageira conhece muito bem.
As publicidades associadas ao mundo esportivo, à aventura e liberdade estavam em perfeita sintonia com essa fragilidade do adolescente. Proibidas as publicidades, "os produtores de doenças e mortes" passaram a investir com mais vigor na adição de aromatizantes para tornar o sabor (terrível) do cigarro mais atrativo.
Depois de muitas e muitas batalhas, em fevereiro deste ano o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou a resolução 14/12 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinando a suspensão dos aditivos. Vitória retumbante das entidades envolvidas com o combate à mortandade desenfreada produzida pela fumaça do cigarro.
Todos esses malabarismos da indústria tabageira estavam focados na manutenção desta realidade: os adultos fumando menos, os jovens fumando mais.
O processo de conscientização dos programas de controle de tabagismo não atingiu devidamente os segmentos etários mais jovens, comprometendo metas mais ambiciosas de redução do tabagismo. Com o objetivo de interferir nesta realidade, o Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba estabeleceu metas focadas na conscientização de crianças e adolescentes.
E nesse Dia Nacional de Combate ao Tabagismo (29 de agosto), temos a comemorar a introdução de uma lei na Assembleia Legislativa que estabelece a realização de atividades alusivas ao tabagismo em todas as escolas estaduais.
Já a Câmara Municipal de João Pessoa seguiu nesta mesma linha e um projeto que nos permitiu treinar 600 professores deverá ser devidamente complementado com uma emenda impositiva que vai garantir a confecção de 50 mil cartilhas com noções básicas de tabagismo, que serão devidamente utilizadas por professores e alunos do Ensino Fundamental.
A expectativa é que, em tempos não muito distantes, possamos também incorporar nos segmentos mais jovens a mesma conscientização observada hoje entre os adultos.
Sebastião de Oliveira Costa
CRM-PB: 1630
Especialidade: Pneumologia e Alergologia. Dr. Sebastião é presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba e membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira