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Artigos Médicos
Covid: a chegada de uma nova onda
Publicada em 21/11/2022 às 14h35
Quando o mundo já estava acreditando que a guerra contra as atrocidades daquele vírus mortal havia acabado, eis que surge um novo inimigo, indicando muitas batalhas pela frente.
Mais “competente” que suas irmãs Alfa, Beta, Gama e Delta, essa nova variante do Sars-cov-2, que atende pelo nome de Ômicron, depois de várias replicações fez surgir as subvariantes BA.1, BA.2, BA.3, BA.4 e BA.5. Achou pouco e ainda extraiu da BA.5 a sublinhagem BQ.1. E foi ela que, depois de infectar muitos europeus e norteamericanos, desembarcou no Brasil pelo aeroporto do Amazonas.
Em poucas semanas, invadiu o nosso país com a força de um tsunami, conturbando outra vez a rotina de uma população que nem se lembrava mais por onde andava aquela máscara que tanto contribuiu na tarefa importante de conter a disseminação do vírus.
Se essa variante ganha de suas irmãs em competência para produzir subvariantes, fica muito distante de todas elas na modalidade agressividade, com baixo potencial de enviar os infectados à UTI, ao necrotério. Por outro lado, há de se informar, que a BQ.1 fica com a medalha de ouro na categoria capacidade de transmissibilidade
Explico:
As quatro variantes (Alfa, Beta, Gama e Delta) desenvolviam suas agressividades pela imensa capacidade de chegar aos pulmões, produzindo a tempestade de inflamação, sem permitir a devida oxigenação do sangue arterial, que alimenta e mantêm a funcionalidade de todos os órgãos que compõem o corpo humano.
A variante Ômicron e toda a sua linhagem, graças ao bom Deus, não possui muitas afinidades com os pulmões. Seu território de ação quase sempre se restringe ao nariz, à garganta, aos seios paranasais (7 cavidades por trás do nariz), desenvolvendo no infectado sintomas muito semelhantes a um resfriado comum: coriza, espirros, congestão nasal, tosse seca, febre ou febrícula.
Esses sintomas leves, vale informar, são privilégio exclusivo dos que complementaram o esquema das quatro doses da vacina.
Para a galera mais “relaxada”, é indispensável ler essa mensagem: no Rio de Janeiro, de 47 casos moderados e graves diagnosticados, com direito a hospitalização e UTI, 92% ficaram restritos aos pacientes não vacinados ou aqueles que se “esqueceram” de tomar as doses de reforço.
O raciocínio que se extrai é que a Ômicron escapa da vacina, mas completar o esquema vacinal é de absoluta importância para se evitar visita aos hospitais, às UTIs.
A boa notícia é que o mundo desenvolvido já está utilizando uma nova geração de vacinas - a BIVALENTE, com características que protege contra as subvariantes da Ômicron.
Há de se informar, no entanto, que em nosso país, desde o mês de setembro, essa vacina está sendo avaliada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas infelizmente não sabemos até quando vamos continuar convivendo com as preocupações e angústias promovidas por essa nova onda, que se dissemina com uma velocidade impressionante.
E nesse momento de plena expansão da curva epidêmica, precisamos compreender que a vacinação e o uso rigoroso da máscara não devem ser encarados como um ato individualizado, mas uma ação de consciência coletiva, no sentido de que todos nós devemos colaborar para o controle efetivo da pandemia.
Sebastião de Oliveira Costa
CRM-PB: 1630
Especialidade: Pneumologia e Alergologia. Dr. Sebastião é presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba e membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira