Artigos Médicos
A glândula tireóide durante a vida
A tireóide, uma pequena glândula em forma de borboleta, localizada na porção anterior e inferior do pescoço, tem grande importância na economia energética do organismo. Ela exerce seu papel através da fabricação e secreção na circulação de dois hormônios: a tetraiodotironina (T4) e a triiodotironina (T3).
Na ausência desses hormônios, o metabolismo celular, em quase todos os tecidos, diminui quase 50%. Por outro lado, numa condição de hipersecreção (hipertireoidismo), o metabolismo celular basal aumenta exageradamente, atingindo cerca do dobro do normal. Por isso se diz que quando há hipotireoidismo o metabolismo fica mais lento e a pessoa come pouco mas aumenta de peso, enquanto no hipertireoidismo ocorre o inverso. A tireóide é também imprescindível durante o crescimento e desenvolvimento mental da criança, desde a vida fetal até o fim da puberdade.
No passado, muitas pessoas, principalmente mulheres, visto que tal transtorno é variavelmente cinco vezes mais frequente nestas, entravam em coma após um longo e arrastado período de hipotireoidismo não diagnosticado. Hoje se impõe encontrar o umbral no qual a pessoa deixa de ser considerada como tendo normal função da tireóide ou ser portadora de hipotireoidismo. Não obstante, o diagnóstico precoce desta entidade melhorou muito nos últimos anos, uma vez que os colegas de outras especialidades e, particularmente, os ginecologistas, passaram a solicitar de rotina a dosagem de T4 e de um outro hormônio: o famoso TSH (hormônio estimulante da tireóide), o qual, como o próprio nome designa, é o hormônio que vai estimular a fabricação e secreção de T4 e T3 pela tireóide. Neste ponto, vem o impasse: Por que se diz que a minha tireóide está funcionando pouco quando o meu TSH está acima do normal para os valores de referência apresentados pelo laboratório? Esta é uma questão freqUente em meu consultório e que espero poder responder aqui. A explicação está no fato de que no sistema endócrino existe um mecanismo de "retroação negativa" entre as glândulas e isso se expressa na tireóide da seguinte forma: quando ela vai tornando-se preguiçosa, embora não se detecte diminuição de T4 nem de T3, a glândula hipófise, responsável pela síntese de TSH, tenta compensar essa queda, aumentando sua secreção. O contrário acontece nos casos de discreto aumento do T4 e T3. Mas a questão médica vai mais adiante: são os níveis de TSH admitidos como normais realmente normais? Bem, o conceito de níveis normais de TSH hoje em dia tem variado muito, não somente pelo fato de depender da situação clínica individual de cada paciente, mas ainda porque alguns autores estão estreitando a faixa de normalidade do TSH dosado no soro em relação aos valores de referência do laboratório. Só para citar um exemplo, algumas escolas consideram que níveis de TSH acima de 3,9 mUI/L já são indicativos de disfunção, enquanto no passado somente quando o TSH ultrapassava 10mUI/L poder-se-ia pensar em disfunção passível de tratamento.
Entretanto, existe uma condição na qual a manutenção dos níveis de TSH em faixas estritas é fundamental para a manutenção da saúde: a gravidez. Sobre as disfunções tireoidianas mínimas na gestação, falaremos na próxima oportunidade.
Na ausência desses hormônios, o metabolismo celular, em quase todos os tecidos, diminui quase 50%. Por outro lado, numa condição de hipersecreção (hipertireoidismo), o metabolismo celular basal aumenta exageradamente, atingindo cerca do dobro do normal. Por isso se diz que quando há hipotireoidismo o metabolismo fica mais lento e a pessoa come pouco mas aumenta de peso, enquanto no hipertireoidismo ocorre o inverso. A tireóide é também imprescindível durante o crescimento e desenvolvimento mental da criança, desde a vida fetal até o fim da puberdade.
No passado, muitas pessoas, principalmente mulheres, visto que tal transtorno é variavelmente cinco vezes mais frequente nestas, entravam em coma após um longo e arrastado período de hipotireoidismo não diagnosticado. Hoje se impõe encontrar o umbral no qual a pessoa deixa de ser considerada como tendo normal função da tireóide ou ser portadora de hipotireoidismo. Não obstante, o diagnóstico precoce desta entidade melhorou muito nos últimos anos, uma vez que os colegas de outras especialidades e, particularmente, os ginecologistas, passaram a solicitar de rotina a dosagem de T4 e de um outro hormônio: o famoso TSH (hormônio estimulante da tireóide), o qual, como o próprio nome designa, é o hormônio que vai estimular a fabricação e secreção de T4 e T3 pela tireóide. Neste ponto, vem o impasse: Por que se diz que a minha tireóide está funcionando pouco quando o meu TSH está acima do normal para os valores de referência apresentados pelo laboratório? Esta é uma questão freqUente em meu consultório e que espero poder responder aqui. A explicação está no fato de que no sistema endócrino existe um mecanismo de "retroação negativa" entre as glândulas e isso se expressa na tireóide da seguinte forma: quando ela vai tornando-se preguiçosa, embora não se detecte diminuição de T4 nem de T3, a glândula hipófise, responsável pela síntese de TSH, tenta compensar essa queda, aumentando sua secreção. O contrário acontece nos casos de discreto aumento do T4 e T3. Mas a questão médica vai mais adiante: são os níveis de TSH admitidos como normais realmente normais? Bem, o conceito de níveis normais de TSH hoje em dia tem variado muito, não somente pelo fato de depender da situação clínica individual de cada paciente, mas ainda porque alguns autores estão estreitando a faixa de normalidade do TSH dosado no soro em relação aos valores de referência do laboratório. Só para citar um exemplo, algumas escolas consideram que níveis de TSH acima de 3,9 mUI/L já são indicativos de disfunção, enquanto no passado somente quando o TSH ultrapassava 10mUI/L poder-se-ia pensar em disfunção passível de tratamento.
Entretanto, existe uma condição na qual a manutenção dos níveis de TSH em faixas estritas é fundamental para a manutenção da saúde: a gravidez. Sobre as disfunções tireoidianas mínimas na gestação, falaremos na próxima oportunidade.
Rosália Gouveia Filizola
CRM-PB: 2399
Especialidade: Endocrinologista