Artigos Médicos
Fevereiro Laranja: mais que um mês de festa, um mês de conscientização
Quando falamos de fevereiro, lembramos logo do carnaval e já pensamos o quão próximo ele está, porém também é o mês de combate a um tipo de câncer grave: a leucemia. A leucemia é originária da “fábrica do sangue”, que é a medula óssea, afetando a produção dos glóbulos brancos. Pode ser dividida quanto ao tipo: mieloides ou linfoides, a depender do tipo de célula afetada. Bem como em agudas e crônicas, de acordo com a evolução.
Nas leucemias agudas, as células se reproduzem rapidamente e são imaturas chamadas de blastos; estas são mais graves e perigosas. Já nas crônicas, as células são maduras e se multiplicam de forma lenta, demorando, inclusive, a morrer. Apresentam uma evolução melhor e menos problemática na boa parte dos casos e são geralmente achados de exames de sangue de rotina.
Para se ter ideia de como é importante se discutir sobre o assunto, apenas no ano de 2015, o número de mortes por leucemia foi de 6.837 pessoas, sendo 3.692 homens e 3.145 mulheres (2015 — Atlas de mortalidade por câncer). Por sua vez, no ano de 2018, tivemos cerca de 10.800 novos casos, sendo 5.940 homens e 4.860 mulheres (2018 — Inca).
Caracterizada pelo acúmulo das células neoplásicas na medula óssea, atrapalhando a produção de células normais do sangue, os sinais e sintomas de uma leucemia são dos mais variados, como a queda das plaquetas que ocasiona sangramentos de gengiva, nariz, manchas roxas (equimoses), sangramentos puntiformes (petéquias), a baixa de glóbulos brancos (causando baixa da imunidade e consequente infecções e febre recorrente). Adicionalmente observa-se anemia, cansaço, tontura, dor abdominal (causada por aumento do baço e fígado) e dor óssea.
A suspeita do diagnóstico parte principalmente de alterações vistas no hemograma, associado aos sinais e sintomas já descritos. A confirmação se dá através do mielograma, exame onde se retira algumas gotas da medula óssea para análise, associada à imunofenotipagem, exame onde são contadas as células por uma máquina chamada citômetro de fluxo, podendo ser ainda complementado por outros exames com citogenética e pesquisas moleculares específicas.
Uma vez firmado o diagnóstico programa-se o tratamento que pode variar desde apenas o acompanhamento, como em alguns tipos de leucemias crônicas, a quimioterapia e programação de transplante de medula óssea a depender do subtipo da leucemia.
Então, neste Fevereiro Laranja vamos nos conscientizar da importância de combate à leucemia. Procure um hematologista em caso de dúvida. “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingido o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.” José de Alencar.
Roberto Luis Pereira Matias
CRM-PB: 6415
Especialidade: Hematologia e hemoterapia