Artigos Médicos
Setembro Amarelo
O suicídio deriva do latim sui que significa si mesmo e caedes ação de se matar. Muitos pesquisadores apontam que a origem do termo suicídio tem primordiamente relação com o Sr. Thomas Brown, ao publicar esta teminologia em seu livro Religione Medicine (1643). O comportamento suicida é composto por ideação suicida, tentativas de suicídio e o ato suicida.
O suicídio é um grave um problema de saúde pública com mais de 1 milhão de mortes atualmente. Cerca de 0,5 a 1,4% de todas as pessoas morrem por suicídio e isso representa uma morte a cada 40 segundos e uma tentativa a cada 3 segundos (WHO). Acredita-se que é subnotificado e sub-registrado por diversos fatores, principalmente com deficiência e pouca confiabilidade dos dados. O suicídio representa um prejuízo econômico, social e psicológico nas comunidades, impactando nos serviços de saúde, quer seja no tratamento físico, social e psicológico, que demandam longo prazo.
É muito importante destacar os fatores de risco comumente descritos de relevância no suicídio. Um dos fatores é a tentativa de suicídio, um fator implicado em nossas preocupações. Podemos ressaltar que nenhuma tentativa de suicídio pode ser reduzida a denominação, como se uma pessoa estivesse chamando “ATENÇÃO”. Toda e qualquer tentativa de suicídio deve ser encarado pelo psiquiatra ou clínico, como algo de suprema importância, inclusive para prevenção do ato suicida.
Um dos fatores de risco levado em consideração é a idade. A organização mundial se saúde tem mostrado um aumento significativo nos últimos 45 anos, onde a taxa de suicídio teve um crescente aumento de 60%. Algo significativo foi a mudança de perfil da população idosa para as faixas mais jovens. No Brasil, em duas décadas, tivemos um aumento de suicídio de 30% em jovens e adolescentes. Outro fator de risco de maior destaque são as doenças psiquiátricas, com 95 a 98% presentes no suicídio. Em destaque temos os transtorno de humor (depressão), como também dependências de substâncias, transtornos de ansiedade, transtorno de personalidade.
Podemos acrescentar que o suicídio no homem é mais prevalente, sobretudo pela escolha da modalidade ser mais efetiva, como o enforcamento ou arma de fogo, enquanto que as mulheres realizam suas tentativas sobretudo com métodos de intoxicação.
A tentativa de suicídio é uma emergência médica, sendo necessário uma abordagem imediata para se entender o contexto desta tentativa. Em pacientes com desesperança, desespero e desamparo, automutilações, impulsividade, abuso de substâncias há necessidade do internamento. Essa emergência médica tem como objetivo deixar o paciente mais acolhido pela equipe. O profissional médico deve ser empático para realizar o diagnóstico do transtorno mental em curso e estabelecer conduta adequada. Os profissionais mais indicados para condução destes pacientes são os psiquiatras, em consonância com toda a equipe de saúde como também com a colaboração da psicoterapia.
Temos um arsenal terapêutico importante nas tentativas de suicídio desde o ECT, atualmente a escetamina, Carbolitium em pacientes deprimidos e a Clozapina em pacientes esquizofrênicos.
A prevenção do comportamento não deve ser a feita apenas por profissionais especializados. Existem trabalhos mostrando que aproximadamente 75% das pessoas que cometeram suicídio, realizaram consultas com profissionais no último ano. Em pacientes vítimas de suicídio, 45 a 66% tiveram atendimento clínico no mês que morreram. Cerca de 10 a 40% dos pacientes que se suicidaram, procuraram seu psiquiatra antes do ato.
A Organização Mundial de Saúde, desde o ano de 2003, definiu o dia 10 de setembro como o dia mundial de combate à prevenção ao suicídio e a Associação Brasileira de Psiquiatria escolheu o mês de setembro para realizar a campanha de combate ao suicídio, sendo definido como SETEMBRO AMARELO.
A campanha de combate ao suicídio tem um grande objetivo que é discutir com a sociedade caminhos mais frutíferos para o combate de um problema tão grave de nossa sociedade nos dias de hoje. Queremos lembrar que este tema suicídio, não se deve restringir a um só mês, porque é algo assustadoramente expressivo em nossas cotidianas consultas. Nenhum paciente deve sair do seu consultório sem a pergunta: Você pensa ou tem plano especifico para o suicídio?
Rivando Rodrigues de Sousa Oliveira
CRM-PB: 3740
Especialidade: Psiquiatra