"O tratamento cirúrgico do câncer de mama sempre foi assustador. Em 1882, Willian Stewart Holsted sistematizou a técnica cirúrgica que consistia na retirada da mama e órgãos contíguos. Esta técnica tornou-se conhecida mundialmente como Mastectomia Radical, mas isso é um equívoco. O problema é que apesar de ser apropriada para os casos de tumores extensos, ela vem sendo empregada indiscriminadamente até os dias atuais em mulheres com tumores pequenos.

Um dos grandes opositores da Mastectomia Radical e seus resultados foi o médico Geoffrey Keinner (1930), que chegava a classificá-la de "tenebrosa". Com este pensamento e o surgimento da radioterapia, ele ousou praticar uma outra técnica, a Tumorectomia associada à irradiação. Ele comparou sua pesquisa com os pacientes submetidos à Mastectomia Radical e encontrou os mesmos resultados nos dois grupos em termos de sobrevida. É claro que a qualidade de vida dos pacientes não mastectomizados era e é incomparavelmente bem melhor.

Graças a Keinner, as mulheres portadoras de câncer mamário não tiveram e nem têm que ser mutiladas. Nos anos setenta, um grupo de médicos de Milão fez estudos controlados durante dez anos e reafirmou que a Tumorectomia (quadrantectomia) associada à radioterapia oferece vantagens na sobrevida e mais qualidade de vida do que a Mastectomia Radical junto com a radioterapia.

Sendo assim, a Mastectomia deve ficar reservada para casos mais graves e, se possível, com reconstrução imediata. Os resultados estéticos iniciais não foram muito agradáveis, mas com o domínio das técnicas de cirurgia plástica, houve uma melhora espetacular neste sentido sem prejuízos para resultados oncológicos. A decisão sobre o método empregado deve ser tomada em conjunto pelo médico e paciente. É importante lembrar que a resistência de cirurgiões em empregar a Tumorectomia para conservação da mama é compatível com a falta de hábito da técnica e seus resultados."