Artigos Médicos
Espiritualidade e saúde
A espiritualidade e a religiosidade estão entre os atributos humanos mais estudados nos últimos anos. Por muito tempo foram temas rejeitados nos ambientes acadêmicos, até que passaram a atrair um crescente interesse científico quando os seus efeitos sobre a saúde começaram a ser divulgados.
Na tradição judaico-cristã, o ser humano é constituído por corpo, alma e espírito. Considerando a saúde como um estado de equilíbrio destas três dimensões, a espiritualidade deveria receber tanta atenção quanto o corpo e a alma. A espiritualidade tem bases neurofuncionais; algumas destas podem ser detectadas pelos modernos métodos de exame de imagem do cérebro, que têm revelado as áreas cerebrais que são estimuladas durante a meditação.
Com o tempo, essa atividade de fé dá aos cérebros dos seus praticantes uma riqueza estrutural maior – um incremento, tanto na susbstância cinzenta como na branca - que os diferenciam quando comparados aos exames dos cérebros de indivíduos que não têm essa prática. Para o aumento na quantidade de neurônios e suas conexões, em resposta a uma atividade cerebral, chamamos neuroplasticidade.
Portanto, a prática da meditação correlaciona-se a um enriquecimento da neuroplasticidade cerebral e ainda a uma melhora do fluxo sanguíneo nas áreas relacionadas à atenção, ao controle da dor, à autopercepção e às emoções positivas.
Muitos estudos avaliam também o papel da espiritualidade/religiosidade para a qualidade de vida. Nas dimensões social e psicológica, seus resultados evidenciam melhores índices de qualidade de vida, aumento da expectativa de vida, prevenção do comportamento de risco e da drogadição, assim como, uma contribuição para o tratamento da ansiedade e da depressão.
Estamos diante de fascinantes possibilidades de linhas de pesquisa que ainda nos ensinarão muito sobre quem e como somos. O que me emociona, particularmente, é que há milênios temos ricos ensinamentos que apontam para a transcendência como um caminho de saúde física, psicológica e espiritual. Nesta época do ano, um dos símbolos mais fortes é o da estrela guiando os sábios até o Messias. Que possamos olhar para aquela estrela, que continua a nos guiar hoje, para que tenhamos um viver com mais amor, mais verdade, mais justiça, mais paz e, sobretudo, uma vida com sentido... A ciência continuará o seu belo trabalho de desvendar as maravilhas da criação de Deus.
Maria do Desterro Leiros da Costa
CRM-PB: 2649
Especialidade: Neurologista