A medicina é uma das mais antigas profissões e sua prática teve muitas mudanças e influências. As verdades, não mais consideradas absolutas, sofrem mudanças rápidas demais, bem como influências múltiplas do mundo moderno. Se antes ao médico era concedido um excesso de poder, por ser o detentor único desse tipo de conhecimento, a difusão da informação e a agregação de outras profissões da saúde formaram uma nova constelação, onde é possível à pessoa que precisa de cuidados uma compreensão mais acurada das condutas que lhe são propostas e ao médico uma melhor interlocução com quem ele cuida.

O que nos faz escolher tal ou qual conduta médica? Em princípio são os graus de evidência dos estudos científicos, que vão desde o grau máximo de recomendação, baseada em estudos controlados e com amostras grandes, até os relatos anedóticos, onde descrevem-se experiências pessoais de casos isolados. Quanto maior o grau de evidência, maior o respaldo daquela conduta.

Isso exige do médico uma constante atualização, a leitura das pesquisas importantes, o estudo dos consensos e diretrizes que são emitidos periodicamente pelas sociedades científicas. E, sobretudo, espírito crítico para reconhecer e evitar as práticas influenciadas por interesses mercantis, pois não é tarefa fácil escapar das armadilhas publicitárias e da sedução de quem lucra com saúde.

É uma dificuldade para médicos e pacientes lidar com esse vai-e-vem de ora aprovação, ora condenação de condutas e procedimentos. Entretanto, se o médico combinar o estudo do que a literatura recomenda com a individualização necessária da pessoa a ser cuidada e ainda acrescentar bom senso, sem dúvida escolherá o melhor dos caminhos.

Lembrando sempre: por mais que a tecnologia tenha avançado, o imponderável e o imprevisível têm que ser considerados em tudo que referir-se ao ser humano. Se a prática médica mudou, continua a depender do bom médico e do bom senso para um melhor resultado, ainda que não se tenha resposta para tudo.