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Artigos Médicos
Hepatite C, ainda um grande desafio
Publicada em 26/07/2013 às 17h
O Dia Internacional de Combate às Hepatites Virais, 28 de julho, é a data que chama a atenção para os vírus B e C, que provocam inflamação no fígado; esta pode se tornar crônica e evoluir para a cirrose hepática e o câncer de fígado. São duas doenças diferentes, em geral silenciosas, muitas vezes detectadas já com complicações graves, sendo a hepatite C, atualmente, a principal causa de transplante hepático. É fundamental, portanto, realizar o teste anti-HCV em quem recebeu transfusão de sangue antes de 1992; usuários de drogas; profissionais de saúde; faz hemodiálise; faz ou fez sexo sem proteção, sobretudo se com múltiplos parceiros; fez tatuagem; procedimento com instrumento perfurocortante ou submeteu-se a procedimento cruento. A mais recente recomendação é que pessoas entre 45 e 65 anos realizem o teste diagnóstico, pois esta é a faixa etária onde está o maior número de casos. Qualquer médico pode solicitar o anti-HCV, na rede pública ou privada.
O tratamento é disponibilizado pelo SUS e, neste ano, foram incorporadas novas medicações, telaprevir e boceprevir. Associa-se uma delas ao esquema já existente, peginterferon e ribavirina; entretanto, esta tripla terapia não é indicada para todos, mas para indivíduos genótipo 1 cirróticos. Há estudos em curso e, provavelmente, ela será em breve utilizada em portadores de hepatite C com HIV/AIDS, em transplantados hepáticos e em outros grupos.
Estamos, pois, vivendo um momento no combate à hepatite C em que dispomos de um novo, caro e mais eficiente tratamento, porém com indicação ainda restrita. Há perspectivas de, em dois ou três anos, surgirem novas medicações, com poucos efeitos colaterais e melhores índices de cura. Por outro lado, a maioria das pessoas contaminadas não sabe que tem a doença, pois nunca realizou o teste anti-HCV. Se não houver o diagnóstico, perde-se a chance de, com o tratamento, salvar vidas e impedir a transmissão desta doença considerada uma epidemia silenciosa.
Existe vacina para a hepatite B, mas não para a C. Diagnosticar os portadores a fim de instituir o tratamento adequado é, portanto, a única estratégia para o enfrentamento do grande desafio que ainda é a hepatite C.
Maria de Fátima Duques
CRM-PB: 2638
Especialidade: Gastroenterologista