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Álcool, fígado e sistema digestório

Publicada em 05/03/2006 às 00h

Toda a história da humanidade está permeada pelo consumo de bebidas alcoólicas, que tem aumentado nas últimas décadas, em todo o mundo. O álcool age no sistema nervoso central e também sobre vários sistemas. Focalizaremos neste espaço seus efeitos deletérios diretos e indiretos sobre o fígado e o sistema digestório.

O álcool é metabolizado no fígado e seus efeitos tóxicos dependem da quantidade e tempo de ingestão; do teor alcoólico da bebida e também do organismo, pois cada indivíduo reage de maneira diferente.

O consumo crônico e/ou excessivo de álcool pode causar problemas hepáticos, incluindo excesso de gordura no fígado (esteatose - diferenciar da esteatose não alcoólica, que tem outras causas), hepatite alcoólica e cirrose. O câncer de fígado é associado à cirrose alcoólica. O risco de se desenvolver doença alcoólica do fígado está relacionado com uma ingestão diária igual ou maior que 40 gramas para o homem e 20 gramas para a mulher, que é mais suscetível e cuja evolução para a cirrose é mais rápida.

No esôfago, pode propiciar a síndrome de Mallory-Weiss (rutura da junção esôfago-gástrica pelo esforço dos vômitos). Se já houver cirrose, pode ocorrer hipertensão do sistema venoso portal e varizes esofágicas, que podem romper-se, causando hemorragias. O câncer de esôfago é mais comum em alcoolistas.

No estômago, pode ser causa de gastrite erosiva aguda e de úlcera péptica, além da gastropatia congestiva da hipertensão portal. No pâncreas, pode ocorrer pancreatite aguda, pancreatite crônica. No intestino, a principal manifestação é a síndrome de má-absorção, causando diarréia crônica.

É difícil estabelecer quantidades, porém considera-se aceitável o consumo de 16 - 20 gramas de álcool por dia. Uma dose de cachaça tem em torno de 17g de álcool, enquanto que 1 latinha de cerveja de 350 ml tem cerca de 13g. Vemos, pois, que o consumo de álcool pode - se ultrapassados os limites estabelecidos - provocar doenças. Porém, beber álcool ocasionalmente e com moderação é um prazer legítimo e sem perigo."
Maria de Fátima Duques

Maria de Fátima Duques

CRM-PB: 2638

Especialidade: Gastroenterologista

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