No Brasil, iniciamos este ano com novos governos federal e estaduais, levando-nos a refletir sobre as perspectivas no campo da saúde em 2011. O direito à saúde para todos ensejou a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948 e, em 1978, 194 países da ONU em Alma-Ata renovaram compromissos nesta direção, mas as desigualdades ainda são incomensuráveis. Nos Estados Unidos, a saúde é essencialmente privada e 1/6 da população não tem qualquer proteção, assim como em vários países do mundo. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) - surgido a partir da Constituição de 1988 - promove cobertura universal, embora necessite da complementação com planos e seguros privados, que têm forte presença no país. Os princípios do SUS, que são a universalidade, integralidade, equidade, controle social e descentralização político-administrativa em nível nacional, estadual e municipal, constituem a maior política de inclusão social do Brasil.

Na construção desse sistema, houve expansão real do caráter público e estatal da saúde no país, apesar das falhas ainda gritantes. Permite o acesso, sobretudo à população de baixa renda, à atenção básica (postos de saúde, PSF, UPAS) e às redes de alta complexidade e dispensa medicamentos de alto custo para várias patologias. As dificuldades são enormes, há milhões de brasileiros usuários e nem sempre os gestores versam os recursos com a honestidade e competência necessárias. Entretanto, nos últimos anos, houve um enorme trabalho do Ministério da Saúde, contratando profissionais e abrindo novas unidades de saúde, visando melhorias no setor. A sociedade tem se posicionado, cobrando mais efetividade.

Como médica e cidadã, o que espero dos novos governantes em 2011 é que continuem e aperfeiçoem o trabalho em saúde onde ele for eficaz; corrijam os erros onde existir prestação de serviços de saúde de baixa qualidade e façam cumprir os princípios do SUS. Com isto, certamente o novo ano será melhor para toda a população brasileira, pelo menos no quesito saúde.