No Dia do Nutricionista, 31 de agosto, é importante lembrar o papel deste profissional nas equipes de saúde, tanto na atenção básica como em níveis mais complexos, sobretudo neste processo de transição epidemiológica e nutricional que vem ocorrendo há vários anos, devido à intensa urbanização e estilos contemporâneos de vida.

O Brasil convive atualmente com uma dupla carga de doenças: as relacionadas à fome, à desnutrição e carências nutricionais e as situações de excesso e falta de qualidade alimentares, associadas a doenças crônicas não-transmissíveis, como doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes. Isto exige a participação do nutricionista para propor intervenções no campo da alimentação e nutrição, pois já foi demonstrado que sua inserção nas equipes multidisciplinares de saúde contribui substancialmente para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, prevenindo, melhorando ou ajudando a tratar essas e outras doenças.

Em tempos de reivindicações populares, é importante que se tenha em mente que, em qualquer modelo político, é um grande avanço nas práticas de saúde a existência do trabalho em equipe com ação interdisciplinar, beneficiando as pessoas individual e coletivamente, pois a somação de saberes sempre é enriquecedora e melhora os resultados das ações de saúde. Políticas de saúde adequadas à realidade do país e à sua diversidade também são essenciais.

Diante desse binômio fome/desnutrição e sobrepeso/obesidade, tornou-se maior ainda a necessidade de valorizar o papel do nutricionista, pois só a abordagem conjunta por estes profissionais e pelo médico - além de pelas outras profissões da saúde - pode ajudar a mudar este quadro, uma vez que são afetadas tanto a população de boa situação socioeconômica quanto a mais pobre e vulnerável. Além disto, é fundamental reforçar o papel dos governos e gestores - em todas as instâncias - e da própria população, pois só assim há esperança de que se possa construir uma verdadeira saúde coletiva.