O médico tem um papel frente ao paciente individualmente, com o qual ele estabelece uma relação que pode ser revestida de afetos, pois tem o privilégio de ser o observador mais próximo da fragilidade da condição humana na doença. A interação médico-paciente, quando baseada na confiança, pode ser muito benéfica. Quantas vezes não já ouvi “bastou eu chegar aqui para melhorar” ou “abaixo de Deus, a senhora”? É o momento onde aprendemos que a compaixão - colocar-se no lugar do outro - é um grande trunfo do médico.
 

Não foi à toa que a palavra medicus originou–se de mederi, que originalmente significava “saber o melhor caminho” para algo, modificando-se depois para “curar” ou “tratar”. Diagnosticar e tratar doenças exige estudo e dedicação, mas agir com o outro colocando-se em seu lugar exige compreensão, tolerância e sobretudo humanidade.

O médico tem também um papel social, pois é componente de um todo, o organismo social. E pode, dada sua alta credibilidade, junto com outros segmentos da sociedade acompanhar, participar e influenciar na condução dos problemas de saúde da população, que depende de políticas públicas e pode ser comprometida quando estas não contribuem para sanar as desigualdades e iniquidades, causas de muitas doenças.
 

A medicina hoje conta com inúmeras profissões que auxiliam e melhoram a prática médica. A tecnologia entrou com força nessa área e hoje é adjuvante essencial nesse cenário de adoecimento ora individual, ora social. O médico precisa ter, além do conhecimento das questões individuais, a compreensão das questões sociais e econômicas e de tudo que permeia as relações humanas. Navegar nesse mar também exige humanidade.
 

Neste Dia do Médico, 18 de outubro, desejo que nós, médicos nesse país hoje eivado de intolerância, sejamos sempre humanos, demasiado humanos e que tenhamos a alma delicada e o espírito livre, encontrando o melhor caminho para promover a saúde individual e construir uma saúde coletiva.