Artigos Médicos
Medicamentos impróprios para idosos
O processo de envelhecimento altera as respostas do organismo a alguns produtos farmacêuticos, sendo assim considerados Medicamentos Potencialmente Inadequados para Idosos (MPIs), uma vez que aumentam a probabilidade de ocorrência de efeitos adversos. MPIs são aqueles cujos riscos são maiores que os benefícios. Assim, tornou-se imperativo a elaboração de listas para identificar os fármacos maléficos a fim de estabelecer-se uma terapia farmacológica adequada.
A primeira lista composta de 74 MPIs foi desenvolvida nos EUA em 1991 e revisada em 2012, recebendo o nome de Critérios de Beers-Fick. Infelizmente, é desconhecida da maioria dos médicos em todo o mundo. Depois, surgiram listas da França, Canadá e Brasil.
A lista brasileira, elaborada pelo Núcleo de Farmacovigilância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), adota esses critérios. Vamos citar algumas classes de fármacos com seus efeitos adversos:
1. Antidepressivos: produzem efeitos colinérgicos e hipotensão ortostática;
2. Benzodiazepínicos (Lorazepam, bromazepam, clonazepam): causam sedação, quadros de demências e possibilidade de quedas com fraturas graves;
3. Antipsicóticos: muito usados em idosos, iguais aos anteriores são considerados na literatura científica grandes causadores de quedas, que terminam em morte;
4- Hipotensores: oferecem risco de hipotensão ortostática, bradicardia, depressão e sedação;
5 - Diuréticos (furosemida e hidroclorotiazida): provocam distúrbios hidroeletrolíticos, desidratação, hipovolemia, hemoconcentração, hipotensão e risco de AVCI;
6 - Anti-inflamatórios (naproxeno, piroxicam, tenoxicam): oferecem risco de sangramento gastrintestinal, insuficiência cardíaca e renal, hipertensão arterial.
Este espaço é exíguo para continuar listando-os. Todos nós, médicos ou pacientes, temos que ler a bula para ter conhecimento desses defeitos. Para finalizar, existe uma Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), do Ministério da Saúde, que, pelo contrário, são permitidos e estão sendo prescritos nos Programas de Saúde da Família (PSFs). Porém, confesso minha apreensão porque alguns medicamentos impróprios para idosos constam desta relação, a exemplo dos citados diuréticos.
Marco Aurélio Smith Filgueiras
CRM-PB: 1368
Especialidade: Neurologia