Artigos Médicos
Controvérsias no diagnóstico de Alzheimer
Será que existem tantas pessoas com Mal de Alzheimer como se propaga por aí? O Wall Street Journal (EUA) publicou, há dois anos, um extenso artigo intitulado "Trabalho de detetive: Diagnóstico de Falso Alzheimer", afirmando que até 30% dos diagnósticos desta doença estão errados e que cerca de 20% de todos os casos de demência são de fato tratáveis.
Uma pesquisa apoiada pelo Instituto Nacional do Envelhecimento (EUA), e publicada no Journal of Neuropathology and Experimental Neurology, os médicos estudaram dados de autópsia feita em cerca de mil pessoas diagnosticadas com esta doença e descobriram que até 30% tinham outras causas para sua demência e que nenhuma delas era o Mal de Alzheimer. Foi desta pesquisa que surgiu a matéria e a notícia citada acima do jornal americano. "É até compreensível que os médicos identifiquem esta moléstia em excesso, pois só se consegue fazer o diagnóstico 100% correto através de autópsia", diz o Blog ProcuraMed. Como não se sabe ao certo a causa do quadro demencial, os pacientes acabam recebendo o diagnóstico dessa enfermidade, o que, aliás, representa 60 a 80% dos casos de perdas das capacidades cognitivas graves.
Na realidade, alguns destes indivíduos têm uma outra demência que pode ser "vascular" (mini-AVCs), hidrocefalia de pressão normal, déficit de vit. B12, hipotiroidismo, depressão ou, até mesmo, o próprio processo normal de envelhecimento cerebral que chamamos senescência ou senilidade. São cerca de 30 síndromes demenciais que entram no diagnóstico diferencial.
É importante frisar que existem mais de cem medicamentos diferentes que, se usados em idosos, podem imitar a Demência de Alzheimer: ansiolíticos, antipsicóticos, antidepressivos, anti-histamínicos, hipnóticos, protetores gástricos, hipotensores, diuréticos, tranquilizantes, redutores de colesterol, especialmente se forem usados em regime de politerapia.
Marco Aurélio Smith Filgueiras
CRM-PB: 1368
Especialidade: Neurologia