Artigos Médicos
A importância de ler a bula
Aristóteles dizia que o homem define-se como um animal político, isto é, a sua natureza deve ser procurada nas comunidades de que faz parte e é reconhecido como membro pelos seus pares.
O termo "Cidadania", de origem latina (status civitatis), define desde finais do século XVIII o vínculo que liga os indivíduos a um Estado e se corporiza num dado estatuto jurídico-político, que lhes confere um conjunto de direitos e deveres.
O termo "Civismo" refere-se, mais especificamente, às atitudes e comportamentos dos cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como fundamentais para uma vida coletiva de modo a preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos os seus.
"Humanismo" tem como postulação básica a exaltação da dignidade humana.
Cidadania, Civismo e Humanismo fazem, assim, parte de um mesmo processo, inerente à vida em sociedade. Seus conceitos são verdadeiros suportes da vida social. Uma sociedade onde cujos membros sejam indiferentes às questões da vida em comum não existe como tal.
A atitude cívica é inseparável da ética, isto é, de uma ação norteada por princípios que livremente o indivíduo escolheu para se relacionar com os outros. "Não faças aos outros aquilo que não queres que façam contigo" é não apenas um princípio ético universal, mas também um princípio cívico. "Não devo estacionar meu carro de tal maneira que prejudique o estacionamento de outro". "Não devo jogar lixo principalmente à beira-mar porque posso exterminar a vida marinha (peixes, tartarugas e outros)".
E uma frase específica para nós: "Não devo prescrever medicamentos só pelo nome de fantasia sem conhecer o princípio ativo com seus efeitos bons e nocivos, porque poderemos expor nossos pacientes a muitos riscos, inclusive o de adoecer e até mesmo morrer". Portanto, exortamos a todos (médico e paciente) para ler a bula, que é um ato de civismo e humanismo.
Marco Aurélio Smith Filgueiras
CRM-PB: 1368
Especialidade: Neurologia