Artigos Médicos
Diabetes e o pé diabético
O diabetes é uma doença crônica caracterizada por metabolismo anômalo dos carboidratos, cursando com níveis elevados de glicemia que podem levar a complicações neurológicas e vasculares importantes dos membros inferiores. Com a piora da circulação, pelo acometimento precoce das artérias decorrente da arterosclerose obliterante, aumenta a possibilidade de infecção, especialmente no diabético descompensado. Estes fatores deixam estes pacientes mais vulneráveis a problemas graves nos pés e pernas, tornando-se um fenômeno médico-hospitalar e social de custo elevado.
A aorta e as artérias ilíacas não são tão comprometidas nos diabéticos e a doença oclusiva manifesta-se mais intensamente ao nível da artéria femoral superficial, poplítea e vasos tibiais, sendo a artéria fibular e a artéria dorsal do pé menos frequentemente atingidas. A arteriopatia diabética não difere muito das formas graves de arteroesclerose. Todavia, reconhece-se que, no diabético, ela é mais extensa e rapidamente progressiva. Além disso, os vasos apresentam-se mais calcificados, incluindo as arcadas plantares e os vasos metatársicos, o que raramente ocorre nos indivíduos não diabéticos. As artérias colaterais digitais são também mais afetadas no diabetes, o que raramente acontece na arteroesclerose.
Os diabéticos são mais suscetíveis à ulceração nos pés. Isto, porém, não guarda relação com o grau de isquemia. A oclusão crônica arteroesclerótica da artéria femoral superficial, por exemplo, pode se manifestar com claudicação intermitente sem lesão cutânea nos pés; entretanto, se acrescentarmos o diabetes a este quadro, poderá ocorrer ulceração.
As úlceras do pé diabético localizam-se frequentemente nos dedos, nas faces laterais de zonas de compressão interdigital e nos bordos laterais do pé. As infecções podem assumir um caráter superficial, limitadas à pele e ao tecido celular subcutâneo, mas podem se estender em profundidade, envolvendo fáscias, tendões e estruturas osteoarticulares, sendo mais rapidamente progressiva envolvendo a perda de membro e alto índice de mortalidade.
Portanto, para evitar complicações periféricas, todo diabético deve ter cuidado com seu pé, com o corte adequado das unhas, uso de calçados adequados, higiene diária com o cuidado especial ao secar a umidade entre os dedos, inspeção diária dos pés e dos sapatos, evitar micoses. Os diabéticos devem ter seus pés examinados em todas as consultas de saúde.
Leonardo Nunes Fabrício
CRM-PB: 6145
Especialidade: Angiologia e Cirurgia Vascular e Endovascular / Doppler vascular