Na área da espiritualidade, habitualmente predomina uma postura de preconceitos. Quando se trata de fenômenos espirituais, tanto os cientistas como os religiosos têm uma opinião para dar, mas poucos realmente estudaram a fundo o tema, e quase ninguém pesquisou diretamente os fenômenos. É lamentável que as pesquisas sobre vivências espirituais, fundamentais para a maioria da população do planeta, sejam tão negligenciadas ou tratadas com tão pouco cuidado científico. Como dizia William James, filósofo americano, "não há um diálogo entre aqueles que melhor conhecem as experiências religiosas (os religiosos em si) e aqueles mais bem capacitados para investigá-las (os cientistas). Cabe à ciência, detentora da hegemonia nas terapias médicas, investigar os resultados das ditas ‘curas espirituais'".

Nestes estudos, as pesquisas sobre a vivência do contato com o mundo espiritual, chamada mais recentemente de mediunidade, devem ser amplamente contempladas. Estes fenômenos permeiam a história da humanidade, seja nas vivências dos livros sagrados (inclusive a Bíblia), seja nas práticas religiosas, desde milênios (comunicação com "deuses", santos, Espírito Santo, espíritos etc.). A despeito da diversidade de interpretação e denominação por determinada comunidade e em determinada época, parece que há aí uma característica inerente ao ser humano: a mediunidade.

A relação entre a prática da religiosidade, independentemente da religião, e os benefícios à saúde já são bem estabelecidos pelos milhares de trabalhos científicos da última década. Já a eficácia de cirurgias espirituais carece e clama por maior investigação acadêmica. Já há, entretanto, evidências quanto à sua colaboração coadjuvante ao tratamento médico convencional. A absorção destes conhecimentos por parte da medicina, assim como aconteceu com a homeopatia e acupuntura, trará vários benefícios. Um dos mais evidentes é mudança do paradigma médico, deixando de lado o exclusivo materialismo e incluindo um novo e mais abrangente paradigma "médico espiritual", sempre tendo a ciência como avalista. Assim, contemplam-se os aspectos "bio-psico-sócio-espiritual" da constituição humana.