Artigos Médicos
Um encontro inusitado
Dois dos principais problemas enfrentados por psiquiatras da infância e adolescência são o estigma e o preconceito por parte de familiares. É mais simples deixar um filho de 15 anos num barzinho ou doze horas por dia na internet (o que gera um comportamento de compulsão) do que admitir levar a um psiquiatra.
Primeiro, surgem as falsas questões: meu filho não é louco! E o pior, a escola e os amigos deste menino compartilham deste pensamento e passam a estigmatizá-lo. Um dia desses, foi-me relatado o caso de um abaixo-assinado de pais para tirar uma criança bipolar da escola. O crime? Usar estabilizador do humor. Enquanto isso, estes mesmos pais premiam seus filhos de 15 anos com um carro para fazer pegas e matar inocentes como o filho da atriz Cissa Guimarães.
Recentemente, presenciei um adolescente assistindo ao filme ""Toy Story 3"" com uma carteira de cigarros e uma lata de cerveja. O mais exótico: os pais estavam orgulhosos porque o garoto estava acompanhado de duas ""gatas"". É a geração Orkut, MSN, Twitter...
Parodiando Fellini, vou contar uma cena bem ao gosto do cineasta. Um adolescente chamado "K", 17 anos, apaixona-se por uma garota chamada Norma Jeane. Ela tem 15 anos, humor instável, é dada a arroubos de agressividade, oscila entre tristeza e alegria. Muito bonita, é cortejada por todos do colégio. Para "K" é um troféu. Os pais, orgulhosos, deixam os dois saírem juntos. Entre beijos, brigas e tapas, ela pede para ele experimentar uma dose de caipifruta e, depois, cocaína. Alguém pede aos pais da Norma para levá-la a um psiquiatra, mas os pais xingam quem mandou levá-la ao psiquiatra e ameaçam processar. Num belo dia, "K" acorda com a sua mãe gritando: Norma se matou! Na realidade, Norma Jeane era bipolar. Os pais dela e os de "K" ardem de negligência, omissão e preconceito.
Antes, um estabilizador de humor e terapia. E, no inferno Felliniano, uma chamada para os pais de "K" e Norma: QUANTO MAIS QUENTE, MELHOR!
Primeiro, surgem as falsas questões: meu filho não é louco! E o pior, a escola e os amigos deste menino compartilham deste pensamento e passam a estigmatizá-lo. Um dia desses, foi-me relatado o caso de um abaixo-assinado de pais para tirar uma criança bipolar da escola. O crime? Usar estabilizador do humor. Enquanto isso, estes mesmos pais premiam seus filhos de 15 anos com um carro para fazer pegas e matar inocentes como o filho da atriz Cissa Guimarães.
Recentemente, presenciei um adolescente assistindo ao filme ""Toy Story 3"" com uma carteira de cigarros e uma lata de cerveja. O mais exótico: os pais estavam orgulhosos porque o garoto estava acompanhado de duas ""gatas"". É a geração Orkut, MSN, Twitter...
Parodiando Fellini, vou contar uma cena bem ao gosto do cineasta. Um adolescente chamado "K", 17 anos, apaixona-se por uma garota chamada Norma Jeane. Ela tem 15 anos, humor instável, é dada a arroubos de agressividade, oscila entre tristeza e alegria. Muito bonita, é cortejada por todos do colégio. Para "K" é um troféu. Os pais, orgulhosos, deixam os dois saírem juntos. Entre beijos, brigas e tapas, ela pede para ele experimentar uma dose de caipifruta e, depois, cocaína. Alguém pede aos pais da Norma para levá-la a um psiquiatra, mas os pais xingam quem mandou levá-la ao psiquiatra e ameaçam processar. Num belo dia, "K" acorda com a sua mãe gritando: Norma se matou! Na realidade, Norma Jeane era bipolar. Os pais dela e os de "K" ardem de negligência, omissão e preconceito.
Antes, um estabilizador de humor e terapia. E, no inferno Felliniano, uma chamada para os pais de "K" e Norma: QUANTO MAIS QUENTE, MELHOR!
Hermano José Falcone de Almeida
CRM-PB: 3982
Especialidade: Psiquiatra infantil