Artigos Médicos
Recontando uma história...
Gostaria de reinventar uma história que todos conhecem. Trata-se de Chapeuzinho Vermelho, de Charles Perrault, publicada pela primeira vez em 1697.
Era uma vez uma garotinha que morava em Tambaú, com a mãe. O pai tinha arranjado outra mulher e não queria mais saber da filha. Num belo dia, a mãe pediu para a filha levar uns bolinhos e um pote de manteiga para a vovozinha, que estava doente. A filha vestiu um vestido vermelho (gostava de ser chamada de "Vestidinho Vermelho"), pegou a bicicleta e saiu pela praia. No meio do caminho, resolveu parar um pouco na orla marítima. Ao descer da bicicleta, deparou-se com um lobo bonito, com olhos brilhantes e profundos, que a seduziu de imediato com doces palavras e poesias bonitas. Perguntou-lhe para onde estava indo e prontificou-se a ir com ela, sendo que o lobo ia por um caminho e a menina por outro. A jovem, totalmente encantada, aceitou. Antes de partir, o lobo a entregou uma pedra e pediu para ela fumar, pois a faria ficar mais alegre. A menina aceitou.
Enquanto isso, o lobo chegou bem rápido à casa da vovozinha e identificou-se como sua netinha. A vovozinha enxergava pouco e sofria de demência. Pediu, então, para a neta entrar. Quando o lobo entrou, cheirou uma pedra de crack e avançou em cima da vovozinha, mas desistiu de comê-la, pois estava muito doente e com infecção.
A menina, vindo por outra estrada, mais longa, estava muito eufórica, pois havia fumado o pó. Ao chegar à casa da vovozinha, sob o efeito da droga, não discerniu o que estava ocorrendo e pulou na cama, onde se encontrava o lobo. Este a devorou em três segundos e, ainda com sangue na boca, cheirou cocaína, tirou do bolso um saco cheio de crack e ice e foi vender, alegre, na orla marítima.
Era terça-feira de Carnaval. Na quarta, Vestidinho Vermelho foi enterrada. Seu pai mandou um bilhete, sua mãe entrou em depressão. A avó nada compreendeu. A partir deste dia, toda Quarta-feira de Cinzas vem sendo dedicada à memória de Vestidinho Vermelho e os fantasmas não exorcizados de nossas negligências e omissões.
Dedico este conto à s crianças e adolescentes vítimas de violência e à s famílias que sofrem pela impunidade dos lobos e lobas.
Era uma vez uma garotinha que morava em Tambaú, com a mãe. O pai tinha arranjado outra mulher e não queria mais saber da filha. Num belo dia, a mãe pediu para a filha levar uns bolinhos e um pote de manteiga para a vovozinha, que estava doente. A filha vestiu um vestido vermelho (gostava de ser chamada de "Vestidinho Vermelho"), pegou a bicicleta e saiu pela praia. No meio do caminho, resolveu parar um pouco na orla marítima. Ao descer da bicicleta, deparou-se com um lobo bonito, com olhos brilhantes e profundos, que a seduziu de imediato com doces palavras e poesias bonitas. Perguntou-lhe para onde estava indo e prontificou-se a ir com ela, sendo que o lobo ia por um caminho e a menina por outro. A jovem, totalmente encantada, aceitou. Antes de partir, o lobo a entregou uma pedra e pediu para ela fumar, pois a faria ficar mais alegre. A menina aceitou.
Enquanto isso, o lobo chegou bem rápido à casa da vovozinha e identificou-se como sua netinha. A vovozinha enxergava pouco e sofria de demência. Pediu, então, para a neta entrar. Quando o lobo entrou, cheirou uma pedra de crack e avançou em cima da vovozinha, mas desistiu de comê-la, pois estava muito doente e com infecção.
A menina, vindo por outra estrada, mais longa, estava muito eufórica, pois havia fumado o pó. Ao chegar à casa da vovozinha, sob o efeito da droga, não discerniu o que estava ocorrendo e pulou na cama, onde se encontrava o lobo. Este a devorou em três segundos e, ainda com sangue na boca, cheirou cocaína, tirou do bolso um saco cheio de crack e ice e foi vender, alegre, na orla marítima.
Era terça-feira de Carnaval. Na quarta, Vestidinho Vermelho foi enterrada. Seu pai mandou um bilhete, sua mãe entrou em depressão. A avó nada compreendeu. A partir deste dia, toda Quarta-feira de Cinzas vem sendo dedicada à memória de Vestidinho Vermelho e os fantasmas não exorcizados de nossas negligências e omissões.
Dedico este conto à s crianças e adolescentes vítimas de violência e à s famílias que sofrem pela impunidade dos lobos e lobas.
Hermano José Falcone de Almeida
CRM-PB: 3982
Especialidade: Psiquiatra infantil