O que é um transtorno mental na infância e adolescência? Podemos definir como um evento que complica a curva de desenvolvimento normal para idade, com repercussão na família, entre amigos e, principalmente, na escola. Uma depressão, por exemplo, faz com que o adolescente passe a ter dificuldades nos estudos, fique irritado em casa, brinque menos e, em alguns casos, pense em morrer. A etiologia é ampla, são muitos fatores, mas a genética é importante. Herda-se a predisposição para depressão. Criança hiperativa, que não pára quieta, pouco presta atenção nos estudos e provoca brigas com freqUência, pode ter um Transtorno de Desatenção com Hiperatividade e tem tratamento. Sabemos que antidepressivos, na depressão, e psicoestimulantes, no transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, são fundamentais para uma boa recuperação. Associados a psicoterapia, ajudam crianças e adolescentes a voltar a viver normalmente. Agora, podemos responder uma questão importante: Quando levar crianças e adolescentes a um psiquiatra da infância? Ao observar que alguma coisa não vai bem e a criança ou adolescente tem prejuízos em casa e na escola, este é o momento de levar para uma avaliação, principalmente quando se observa alteração no cotidiano como irritabilidade excessiva, mudança de humor, brigas freqUentes com pais e amigos, desinteresse pelo estudo. O primeiro passo é quebrar o preconceito em relação ao psiquiatra da infância que quer apenas ajudar outros pais e mães na superação de algumas turbulências dos filhos, boa parte delas passageiras. Parodiando o conto João e Maria, hoje é Joãozinho que precisa, amanhã pode ser a Mariazinha. Pior é não cuidar, levando Joãozinho e Mariazinha, amanhã, a perder o colégio, agredir amigos, matarem-se ou virarem usuários de drogas, que são caminhos decorrentes de um transtorno não tratado. Em outras palavras: a bruxa pega! Espero ter esclarecido a importância de tratar crianças e adolescentes com o respeito que merecem e desmistificar todo o preconceito que gira em torno de psiquiatras da infância. Somos pais também e nossos filhos, assim como o de vocês, podem ser "Joãozinhos" e "Mariazinhas" entrando numa casa de doces cheia de armadilhas. Vamos agir no tempo adequado.