O ciberespaço, ou espaço virtual, que atualmente recebe milhões de usuários em todo o mundo, é, sem dúvida, uma grande revolução. Facilita a vida de pessoas, encurta distâncias, possibilita encontrar amigos e amigas, e até namorados. A primeira impressão é de ser o espaço do céu, por onde trafegam mensageiros angelicais. No entanto, nada é como parece. É neste ciberespaço que trafegam também crimes, abusos, hackers, clonagem de cartão, celular e muitas outras armadilhas. E o ciberespaço vira \"hellspace\", ou inferno sideral.

Pessoas especializadas em fotografar de celular e postar uma montagem denegrindo uma imagem, fotografar de banheiros de colégio, de situações constrangedoras e postar, ou pior: chantagear. Ficamos reféns dos chantagistas virtuais. Nem as celebridades de verdade escapam. Paparazzi ganha fama postando uma foto vexatória de alguém conhecido e, nosso sadismo coletivo, todos curtem e aplaudem. Hoje em dia, quem não tem perfil em rede social não existe. Chegamos à visibilidade total. Ao grande olho que a todos vigia.

Para tudo, inventamos um nome: agora é o ciberbullying. Virou moda a violência virtual. \"O olho cego vagueia procurando por um\", como diz Zé Ramalho. E nossos sonhos narcísicos de virar celebridade de redes acabam sendo engolidos por tubarões. O Marcelo Tass relata que adora \"twittar\" no banheiro. Ele e milhões de pessoas postam em todos os momentos, da hora de levantar até o momento de dormir.

Ciberdependentes, cibercelebridades, ciberroubados, \"ciber olhos cortados\". Não por uma surreal realidade, mas por uma hiperreal. Todos juntos e dispersos. Perdidos numa multidão. Ilusão de ser amado por perfis, o ser humano navega no caos.

O ciberbullying é o começo. Vamos entrar na era do sadomasoquismo virtual. O medo não será do outro, mas do olho que a tudo vê e suga, feito um buraco negro. Quem vai nos resgatar? O homem de lata, o espantalho ou o leão covarde? Façam suas apostas no ciberespaço.