Um dos fatos que mais me preocupa, no momento, é a exclusão e o preconceito praticados nas escolas por quem é diferente. Basta um sotaque diferente, algumas notas baixas, cor de pele, não ter determinado tipo de "game", não fazer parte de rede social, para ser vítima de zombarias. Imaginem ter algum transtorno mental.

Há uma semana, atendi um portador da Síndrome de Asperger, que estava sendo surrado, humilhado e ofendido. O asperger é um autista de alto desempenho e pode levar uma vida normal, mas tem uma interação social peculiar. Outro caso que me estarreceu foi a de uma menina de 12 anos com Transtorno Bipolar. Ela precisou afastar-se por um mês e teve que utilizar estabilizador do humor. Na volta à escola, foi chamada de louca, incapaz, maluca, perigosa e voltou a surtar.

Infelizmente, os colégios têm pouco preparo para lidar com a situação. O "bullying" corre solto. Fingem que fazem algo, mas o vento leva as ""boas intenções"". A própria escola exclui alunos diferentes e gera um ciclo de marginalização que lembra "Os incompreendidos", de Truffalt. Bem, essa menina bipolar e o menino com asperger estão fora da escola. Foi esta a ""solução"" encontrada. Enquanto pais, escolas e sociedade não se mobilizarem, vamos assistir a um massacre silencioso.

Gostaria de lembrar a nossa Cássia Kiss, que assumiu corajosamente a bipolaridade, viajando no tempo, encontramos uma certa Vivian Leight, vencedora de 2 Oscar. A eterna Scarlet de ""E o vento levou"", bipolar, complexa, tentou suicídio diversas vezes, usou psicotrópicos, esteve internada, e é a eterna luz que o vento nunca leva. Vivian Leight, para sorte dela, teve a primeira grande crise depois de 1950. Se tivesse tido no colégio, sofrido "bullying", preconceito e deixado de estudar, teria outro destino. Hoje, todos sabem quem é Vivian Leight. Quanto aos praticantes de "bullying", aos colégios omissos, aos alunos que praticaram discriminação e falta de respeito, onde estão? E o vento levou...