O que significa alienação parental? Geralmente, ocorre quando, por conta da separação, um genitor distorce a imagem do outro. Segundo pesquisas, quem fica com a guarda tem mais probabilidades de proceder como alienador. Mas, na prática, não é assim que sempre acontece. Observamos disputas e guerras, utilizando a criança para ser objeto de vingança. Os filhos passam a ser porta-vozes de um ódio que não é deles.

Pequenos "Mercúrios" da mitologia. Mensageiros de insultos, desacordos, faltam de respeito. Uma culpa jogada de um lado para o outro, onde a criança é a mensageira. Resultado: a criança ou adolescente adoece. O rendimento escolar cai, sintomas de ansiedade e depressão eclodem. E está dado um passo para o cruel mundo da dependência química.

Hoje, tem se falado muito em bullying: virou moda. Como se já não existisse há séculos. É uma forma de violência que as crianças praticam contra as outras dentro da escola. E a origem encontra-se em casa. Imaginem: se são mensageiros de ódio de um pai contra o outro, para ser agressor e cometer abusos contra um colega de colégio é só um passo.

Só em agosto do ano passado, passou a figurar no Judiciário o termo alienação parental. Na prática, imaginem... Encaminha para psicólogo, psiquiatra, gasta uma quantia em remédios, e a justiça fica só assistindo. Em processos simples, de pensão alimentícia, presencio um ano ou mais para execução. Alienação parental vai ser tema de aula, livros e só.

Já presenciei crianças com graves problemas mentais em decorrência dos pais denegrirem a imagem, um do outro, e usam a criança como brinquedo. Nossas crianças e adolescentes viraram moleques de recado, na rixa entre os pais. E o narcotráfico adora moleques de recado. Tem um filme nacional, "À deriva", que trabalha muito bem esta geração. A menina vira adolescente, começa a namorar, segue a vida, e ninguém observa. Os pais estão mais interessados em humilhar um ao outro. Talvez "à deriva" seja a Expressão correta.

Mensageiros, moleques de recados, mercurianos... espada de guerra. As crianças e adolescentes seguem à deriva... nadando no vazio de um destino feito de transtornos, drogas, sexo, e violência. Enquanto isso, os pais vivem a doce vida felinniana. Ou o anjo exterminador de Bunüel. Lembre, vez por outra, que existe uma Mônica ou um Cebolinha à deriva.