Artigos Médicos
Obesidade, doenças metabólicas e cardiovasculares
Durante as últimas décadas, dois aspectos fundamentais emergiram em relação ao forte impacto da obesidade como fator de risco cardiovascular. Um deles confere grande importância à quantidade de gordura visceral concernente ao risco cardiovascular.
Está atualmente bem reconhecido o fato de que o acúmulo de gordura abdominal seja melhor indicador de risco cardiovascular do que o índice de massa corporal. O primeiro índice, aparentemente, é atribuível às diferenças anatômicas e metabólicas entre o tecido gorduroso subcutâneo e a adiposidade intra-abdominal, a qual não apenas é metabolicamente mais ativa, pois também sofre drenagem diretamente para o fígado.
O outro elemento constitui-se no reconhecimento de que o tecido adiposo representa um verdadeiro órgão endócrino que confere risco cardiovascular ao secretar grande número de moléculas com evidentes efeitos deletérios , dentro dos contextos: vascular, metabólico, inflamatório e funcional.
A título ilustrativo, em 1998, a American Heart Association reclassificou obesidade como maior fator de risco modificável para doença coronariana. Este é um enfoque que ainda deve ser considerado como novo e atual, que altera a noção inicial de que a obesidade somente contribua para a doença coronariana através de comorbidades, como hipertensão, dislipidemia, intolerância à glicose e o diabetes mellitus tipo 2.
Em suma: abordagem acima deve conduzir o cardiologista dos dias atuais a grandes reflexões, ou seja, uma abordagem clínica segura à beira do leito, formulando paradigmas, tanto do ponto de vista técnico/científico como também holístico, que abrange indubitavelmente a relação médico-paciente, e óbvio, o prolongamento da vida, o nosso maior compromisso, quando prestamos o juramento hipocrático.
Fernando Lianza Dias
CRM-PB: 2547
Especialidade: Cardiologista