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O grande impacto da trimetazidina no tratamento da DAC
A teoria metabólica promovendo isquemia miocárdica já se apresenta como uma realidade, e o fármaco utilizado para combatê-la já foi descoberto e comprovado. O seu princípio ativo é a trimetazidina, que favorece a utilização de glicose pelo miocárdio, em vez de ácidos graxos livres, que prejudicam no caso de mau funcionamento das células miocárdicas. Esta mudança metabólica pode ser particularmente eficaz em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) pós-isquêmica, onde a capacidade dos cardiomiócitos para metabolizar a glicose está reduzida.
Nos últimos anos, os estudos realizados em pacientes com IC de diferentes etiologias têm mostrado que a trimetazidina melhora a classe funcional e a função ventricular esquerda; como também melhora os níveis de fosfato de alta energia intracelulares do miocárdio. Com base nesta observação, o efeito da trimetazidina num grupo mais consciente de paciente com disfunção sistólica foi investigado. De forma comparativa com pacientes tratados em terapia convencional isolada, os que faziam uso de trimetazidina evidenciaram melhora da classe funcional, tolerância ao exercício, da qualidade de vida, da função do ventrículo esquerdo (VE) e dos níveis plasmáticos do peptídeo natriurético do tipo B (BNP) em pacientes isquêmicos e não isquêmicos. Estes efeitos benéficos na função do VE poderiam explicar a posterior observação de uma possível propriedade antiarrítmica da trimetazidina em pacientes com IC pós-isquêmica.
Além disso, num estudo recente, a trimetazidina reduziu de forma consistente o gasto energético do corpo em repouso em pacientes com IC sistólica. Isso sugere que a redução da demanda energética poderia ser um dos mecanismos através do qual a trimetazidina melhora os sintomas e a função do VE em pacientes com isquemia do miocárdio e IC. Na verdade, novas observações clínicas diárias indicam que, além da redução dos sintomas de angina em pacientes com Doença Arterial Coronária (DAC), a trimetazidina é particularmente eficaz na melhora da capacidade de exercício em pacientes coronarianos com fração de ejeção reduzida. Dentro desse contexto, passa a ostentar maior índice de morbimortalidade; a abordagem metabólica pode representar uma nova ferramenta terapêutica.
Em suma, este fármaco vem cada vez mais evidenciando sua eficácia indubitável, tanto nas terapêuticas anti-isquêmica e antianginosa, como também de preservar a função do VE em pacientes coronarianos.
Fernando Lianza Dias
CRM-PB: 2547
Especialidade: Cardiologista