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Molusco contagioso: um pequeno grande problema

Publicada em 10/08/2003 às 00h

Molusco Contagioso constitui uma virose cutânea altamente comum, principalmente em crianças, determinada por um Parapoxvirus DNA, de dimensões entre 200 a 300 nm, conhecido como Vírus do Molusco. Afeta pele e mucosas, sendo de aparecimento excepcional no adulto e muito observado em crianças atópicas, ou seja, de constituição genética alérgica. A transmissão da virose ainda não está bem esclarecida. É provável que águas de piscina funcionem como um ambiente ou veículo propício para transmissão do vírus de crianças acometidas para outras sem a dermatose.

Clinicamente, observamos uma erupção de pápulas globosas (carocinhos), arredondadas, com uma umbilicação central. As regiões mais freqUentes onde o Molusco aparece são as coxas, regiões internas dos braços e área genital. Muitas vezes, as lesões acham-se irritadas, inflamadas - é o que se chama Dermatite Molusco. Não é uma dermatose importante ou grave. Muito pelo contrário, constitui-se afecção altamente benigna. O grande problema vem agora: como eliminar as lesões!

Este é o principal desejo dos pais.Em primeiro lugar, é importante saber-se que o Molusco à semelhança das verrugas virais pode involuir, desaparecer espontaneamente com o passar do tempo. Porém, também pode haver uma maior disseminação das lesões, uma maior profusão delas, causando um probleminha anti-estético, anti-social e psicológico para a criança.

O melhor é iniciar-se um tratamento. O mais simples seria a curetagem, o arrancamento das lesões seguido de cauterização com PVPI. Porém, como estamos lidando com crianças, a curetagem, mesmo realizada com creme anestésico prévio, transforma-se em um grande problema, naquelas menores de 5 anos de idade. As crianças geralmente não a aceitam, têm medo, ficam aterrorizadas. Como alternativas temos a aplicação mais suave do nitrogênio líquido (Crioterapia) usando cotonete em 1 ou 2 sessões ou ainda o uso prolongado de uma pomada de Lisozima (substância anti-inflamatória), que acaba induzindo uma reação imunológica em nível de pele, estimulando a cura das lesões, principalmente quando as lesões de molusco são eruptivas e diminutas.

Uma última observação: somos de opinião que o procedimento da curetagem sob anestesia geral deve ser evitado, pois esta dermatose é benigna e não merece tal risco anestésico."
Edilson Pinheiro do Egito

Edilson Pinheiro do Egito

CRM-PB: 4241

Especialidade: Dermatologia

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