Artigos Médicos

Prabéns, Magnífico Reitor

Publicada em 13/11/2011 às 21h

No coração de todas as criaturas humanas, existem seus espaços sagrados. Neles não são admitidos meios-termos. São definitivos. Um espaço é sagrado quando está permanentemente cheio de ausências. Aí, tornam-se o lugar da saudade.

São valores incorporados, que não saem de nós, mesmo o tempo passando, haverá sempre um amável e monumental momento de reencontro. Estive dia 02 de novembro último na Cidade Baixa, onde se localiza o prédio - hoje em ruínas - onde funcionou parte das cadeiras da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba, o antigo Departamento de Morfologia Humana.

Apagar história que não lhe pertence não deveria ser permitido. Angelus Silesius, certa ocasião, vaticinou: "temos dois olhos: com um vemos as coisas que o vento leva, são fugazes. Com o outro, as coisas que permanecem eternas".

Não consegui aceitar o que meus olhos viam. De repente passava na minha memória um ambiente vibrante protagonizado por uma juventude, futuros médicos - aulas, provas, notas - que se renovava ano após ano.

Procurei muita gente e não encontrei. Por onde andarão os Professores Asdrubal Oliveira, Vitorino Maia, Oscar de Castro, Maurílio de Almeida, Newton Lacerda e tantos outros? Certamente ensinando medicina, ética e dignidade no reino dos céus.

Para Ruben Alves, existem dois tipos de saudade. A saudade triste - do nunca mais - e a saudade alegre, que se baseia no retorno, onde há espaço para abraços.

O deserto é belo porque em algum lugar há uma fonte (Saint Exupéry). O tempo não se perde, fica guardado na memória. Uma escola nunca perde importância, se energisa e se renova todos os anos.

Soube de um projeto que conta com apoio da Associação Médica, Academia Paraibana de Medicina, Sindicato Médico, Conselho Regional de Medicina e Universidade Federal da Paraíba. Apoio não falta, e a liderança do grupo foi confiada ao companheiro Manoel Jaime.

Soube também que o Reitor Rômulo Polari encampou o mesmo e conseguiu a verba para a restauração do prédio (pertence à UFPB) e alocação do Museu da Medicina da Paraíba e de um ambulatório médico da UFPB.

Não preservar sua história, lá na frente equivalerá a não ter passado. Não tem origem, apenas aconteceu algo um dia.

Ofereço meu apoio e peço ao grupo minha inscrição como aluno que nunca deixei de ser pela vida afora e o soldado que sempre abraçou as boas causas. O ontem só acabará amanhã, e o amanhã começou em 1951.

Pensar o passado é mais do que lamentar algum tempo que já se foi ou inebriar-se pela sedução do futuro. Para Marguerite Yourcenar, "quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana". Mãos à obra, Magnífico Reitor Rômulo Polari!

 

Aucélio Melo de Gusmão

Aucélio Melo de Gusmão

CRM-PB: 882

Especialidade: Anestesiologia

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