O Papilomavírus Humano (HPV) é um DNA vírus que acomete pele e mucosas causando uma das mais prevalentes doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) dos dias atuais. Estima-se que atinja cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo e que cerca de 75% tenham a forma indetectável da doença. Embora sua transmissão se dê quase que exclusivamente por contato sexual e seu período de incubação clássico varie de quatorze dias a alguns meses, em 5% dos casos a via de transmissão é distinta da usual e encontramos casos onde a doença se desenvolveu anos após o contato sexual. Existem mais de 200 variantes virais envolvidas na gênese da doença, sendo os subtipos 6, 11, 16 e 18 os mais importantes do ponto de vista epidemiológico, tendo em vista que a maioria das verrugas genitais são causadas pelos dois primeiros, sendo os dois outros comprovadamente envolvidos no desenvolvimento dos tumores malignos do colo do útero, ânus, cavidade oral e pênis.

A infecção é favorecida por microtraumatismos durante a relação sexual. A doença poderá então assumir três fases distintas: latente (não detectada), subclínica (detectada a peniscopia ou a colposcopia seguidos de biopsia e hibridização) e a clínica (verrugas genitais visíveis). O desenvolvimento das lesões dependerá das condições imunológicas do hospedeiro, podendo ocorrer a resolução espontânea do quadro em até 80% dos casos no período de um ano e independente de qualquer tratamento. Entretanto, a recorrência é uma possibilidade tendo em vista tratar-se de uma doença viral ainda com critérios de cura controvertidos além de fatores imunológicos não totalmente determinados. São co-fatores importantes em sua gênese a multiplicidade de parceiros sexuais, dietas pobres em vitamina A e C, betacaroteno e zinco, a terapia com estrogênios e o tabagismo. As lesões clinicamente estabelecidas podem ser tratadas através das "cautrerizações" ou "queimagens" químicas ("ácidos") ou através de laser e nitrogênio ou mesmo eletrocauterizações. O conceito de reforço imunológico é recente e imunomoduladores podem ser úteis. A prevenção é importante, evitar co-fatores e praticar sexo com proteção. A grande maravilha foi o desenvolvimento da vacina HPV-Quadrivalente que promete grande impacto médico-social neste campo.

Liberada recentemente no Brasil, é indicada inicialmente para mulheres entre 09 e 26 anos de idade e deve ser administrada em três doses intramusculares (0-2-6 meses). Aguarda ser inserida nos programas de imunização do Ministério da Saúde quando estudos ainda inconclusos certamente ampliarão o seu leque de indicações.