A Hematospermia ou Hemospermia corresponde à presença de sangue no esperma/sêmen ejaculado. Acomete homens das mais variadas faixas etárias e tem como principais causas identificáveis as doenças da próstata e das vesículas seminais como inflamações, hiperplasias, câncer, telangiectasias, cistos e cálculos, podendo ocorrer em até 10% dos casos pós-biópsia prostática transretal.

Os ductos ejaculatórios e deferentes podem ser a sede do sangramento devido a processos inflamatórios ou cálculos. O traumatismo do testículo pode acarretar hemospermia. Outras causas são trauma da uretra e sua auto-instrumentação em pacientes psiquiátricos; cistos, pólipos, estreitamentos, inflamações desta estrutura. Hipertensão arterial, doenças crônicas do fígado e uso de medicações anticoagulantes como ácido acetilsalicílico (AAS) podem ser causas sistêmicas de sangue no esperma.

Entretanto, a grande maioria das hematospermias acaba sem diagnóstico preciso e, por vezes, não tem uma explicação objetiva e nem significado clínico importante. Trata-se de sinal ""intrigante, mas pouco preocupante"". A alteração do ejaculado ocorre sem sintoma algum e a ejaculação acontece normalmente. O uso mais difundido dos preservativos permitiu ao paciente checar o aspecto do seu esperma e o indivíduo ou sua parceira (o) nota a cor anormal do líquido espermático e a presença ou não de coágulos, dando-lhe um aspecto achocolatado ou mesmo róseo/avermelhado.

Quando se acompanha de sintomas como dor, ardência uretral, dificuldade de urinar e freqUência aumentada de micções, devemos atentar para patologias prostáticas, vesicais ou das vesículas seminais. Alguns fatores podem estar envolvidos, como por exemplo, mudanças abruptas de hábito e freqUência sexuais (abstinência sexual prolongada ou sexo em excesso).

Devemos proceder a um exame físico completo e solicitar exames de urina, urocultura com antibiograma e espermograma. O exame mais importante na avaliação da hemospermia é a ultra-sonografia transretal do aparelho genitourinário que nos possibilita melhor avaliação das vesículas seminais, próstata e uretra prostática com suas estruturas. O homem fica abalado com esta emissão sanguinolenta, interpretada como sinal de coisa ruim, sendo o ""câncer"" a maior preocupação relatada no atendimento.

Exceto se uma causa objetiva for encontrada, como por exemplo uma prostatite bacteriana (tratada obviamente com antibióticos), raramente necessitamos ""tratar"" a hematospermia que cede naturalmente na maioria das vezes. Orienta-se repouso do aparelho genital com interrupção da atividade sexual por um breve período, evitar traumatismos sobre a próstata (períneo) como andar de bicicleta, moto ou fazer hipismo. Drogas antiinflamatórias podem ser usadas. Inibidores do crescimento prostático como a Finasterida 5mg têm sido usados com relativo sucesso. O uso de Destilbeno l5mg pode ajudar na hiperplasia da vesícula seminal. A orientação do médico urologista é fundamental."