Artigos Médicos
Chikungunya
A febre de Chikungunya foi descrita pela primeira vez em 1952 na Tanzânia e, desde então, ocorreram epidemias na África, Ásia, Índia e Europa. Em 2013 chegou às Américas através do Caribe, e no Brasil foi inicialmente descrita no Oiapoque e na Bahia em 2014. Atualmente, o Nordeste apresenta esta epidemia e a Paraíba já registra 9.300 casos até o momento.
É uma doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegipty e A. albopictus, caracterizada por início súbito com febre alta, manchas no corpo, náuseas, dores musculares, fadiga e intensas dores articulares, o que a diferencia da dengue. Esse quadro costuma durar em torno de 10 dias, mas pode evoluir para a forma subaguda, em que há persistência das dores articulares, impossibilitando o indivíduo de exercer suas atividades habituais por período entre 2 e 3 meses.
O termo Chikungunya deriva de uma palavra em Makonde, língua falada por um grupo que vive no sudeste da Tanzânia. Significa "aqueles que se dobram", descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com a artralgia característica.
Os casos mais graves e atípicos acometem principalmente crianças abaixo de 2 anos, idosos, pessoas com história de alcoolismo, diabéticos e hipertensos. São descritos comprometimento neurológico, cardíaco, renal, hepático, além de lesões bolhosas na pele, associadas a grande viremia e maior gravidade da doença. Não atravessa a barreira placentária, não ocorrendo malformações no feto. No entanto, há risco para os bebês que nascem de mães que adoecem poucos dias antes do parto, evoluírem com muita gravidade, apresentando convulsões, hipoglicemia, apatia e miocardite.
O tratamento é sintomático, com hidratação, analgésicos e opioides, sendo CONTRAINDICADO o uso de anti-inflamatórios não hormonais e corticoides na fase inicial da doença. Na fase subaguda e crônica, quando as dores e processo inflamatório articular evoluem de forma semelhante à artrite reumatoide, é necessário acompanhamento especializado com o reumatologista.
Não existe tratamento e vacina contra o CHIKV. Restam-nos os cuidados de prevenção com uso de repelentes e a eliminação de focos do mosquito transmissor, enquanto aguardamos tratamentos mais eficazes e vacina.
Ana Isabel Vieira Fernandes
CRM-PB: 4033
Especialidade: Infectologia