Artigos Médicos
Humanizar na era midiática e da revolução tecnológica
O desenvolvimento científico, a revolução tecnológica e as mídias sociais trazem inúmeros benefícios quando empregados de forma ética e solidária na assistência à saúde. Mas, podem ser desumanizantes quando reduzimos o seu uso a um ato objetivo e despersonalizado e quando a relação do profissional da saúde torna-se técnica, automatizada, robótica, impessoal e limitada a uma investigação fria e objetiva.
Um serviço hospitalar público ou privado pode ser excelente do ponto de vista tecnológico e, mesmo assim, ser desumano no atendimento. Isso ocorre se os seus clientes não forem acolhidos em suas expectativas, angústias, medos, necessidades individuais e devidamente informados de seus direitos e deveres. Devemos construir uma rede de diálogo em que o cliente e o profissional de saúde os atores da assistência possam contribuir numa construção coletiva, sendo ouvidos e atendidos, tendo em vista um modelo seguro, ético, democrático e humano.
A humanização requer tempo e práticas e depende da nossa capacidade de falar e ouvir os nossos semelhantes. A palavra se impõe e não pode ser reduzida e, tão pouco, o toque e o contato secundarizados. Buscamos uma cultura de humanização e necessitamos do empenho de todos, que as equipes de todos os profissionais de saúde formem um time, que rompam os paradigmas instituídos que distanciam a relação com seus pacientes. Precisamos motivar, sensibilizar e contagiar todos os envolvidos nesta relação tão pessoal: sim, humanizar é verbo pessoal e intransferível. A emoção, o abraço, o sorriso e a relação humana são os pilares da assistência.
A humanização na área de saúde é, hoje, uma importante estratégia de gestão, atenção e construção de uma cultura institucional voltada à valorização das pessoas, ao compromisso ético, à excelência dos serviços de saúde. Ou seja, tecnologia, ciência e mídia sozinhas não dão sustentabilidade a nenhum serviço de saúde sem estarem agregadas aos valores humanísticos, pois a relação humana é insubstituível e indispensável.
Alexandrina Cavalcanti Lopes
CRM-PB: 3695
Especialidade: Pediatria