Artigos Médicos

Ronco

Publicada em 05/06/2011 às 11h11

Com as descobertas recentes da Medicina constatou-se que o ronco pode não ser tão inocente assim como o que se conta nas piadas e ser um sinal de um grave problema que se exterioriza. Estima-se que o ronco atinja cerca de 19 a 30% da população, aumentando-se esta prevalência com a idade, predominando no sexo masculino.

Se imaginarmo-nos diante de uma praia, em um quarto com um janelão aberto, ouviremos o vento como uma gostosa melodia. Se, no entanto, formos fechando esta janela de forma gradual, ouviremos progressivamente um som agudo até que este se torne irritante, quando houver apenas uma fresta de passagem ao vento. Este é o ronco nas vias aéreas, quando qualquer coisa obstrua a passagem do ar desde o nariz até a região da garganta.

O ronco não é necessariamente fixo e frequente, como bem já é de conhecimento popular. Quantas vezes não ouvimos nossos filhos ressonar (janelão menos fechado) ou roncar (janelão mais fechado), quando estão com congestão nasal, ou mesmo quando extremamente fadigados. Quem não se lembra do marido roncando após uma ingestão de álcool ou o ronco da esposa após o uso da medicação para insônia. Estas passagens são corriqueiras, embora possam ser passageiras. Por outro lado o ronco pode ser um sinal frequente, quando há a presença de um fator fixo que gere o ronco, entre eles as adenóides na criança, o ganho de peso ou alterações das vias aéreas no adulto.

Um bom exemplo de quando o ronco é um fiel sinalizador de gravidade é na síndrome da apnéia obstrutiva do sono, onde o janelão é fechado de forma intermitente ao longo da noite de "descanso", impedindo a entrada de ar nos pulmões, gerando as complicações imediatas (sonolência diurna, mau humor, fadiga, perda de concentração, etc.) e as complicações ao longo dos tempos (hipertensão arterial, diabetes, infarto, derrame, depressão, entre outros vários).

A grande questão é como definir o limite entre o ronco inocente e o ronco que representa uma doença, quando o seu portador está "dormindo", e não poucas vezes rechaça a sugestão de quem passa a noite ouvindo o ronco?

Alexandre Augusto Araruna

Alexandre Augusto Araruna

CRM-PB: 6391

Especialidade: Pneumologista

Mais artigos de Alexandre Augusto Araruna