Feche os seus olhos por alguns minutos e tente realizar as tarefas mais simples dentro de sua casa. Se você fizer isso sem trapacear, provavelmente sentirá a dificuldade de cada gesto. Assim é como vive uma pessoa que apresenta problemas sérios na visão. Entre os problemas de visão, um deles pode ser melhorado com uma boa ação: a doação de córneas.

Se o olho é considerado a janela da alma, a córnea pode ser considerada a janela do olho, pois é por ela que a luz entra e atravessa um complexo de estruturas até convergir na retina. A córnea é o tecido transparente que fica na parte da frente do olho e executa dois terços da tarefa de focar as imagens que vemos. Diversas doenças podem debilitar a córnea, muitas delas são irreversíveis e, apenas com a substituição da córnea, é possível restabelecer a visão.

Curiosamente, o conceito de transplante de córnea foi criado por Erasmus Darwin, avô de Charles Darwin, usando córneas suínas. Os primeiros transplantes com córnea humana ocorreram em 1905, sendo sua prática consolidada em 1944, nessa época a técnica para o transplante de outros órgãos ainda engatinhava. Com um século de existência, o transplante de córnea é o mais antigo, o mais comum e o mais bem sucedido transplante de órgãos sólidos. Uma das causas do sucesso é que a córnea não apresenta vasos sanguíneos, o que a deixa com um privilégio imunológico em relação aos demais.

Na Paraíba, 152 pacientes esperam o transplante de córnea; em 201,3 foram realizados 166. O tempo de espera na fila varia de acordo com a gravidade do paciente e com a quantidade de doações disponíveis. Com o avanço das técnicas, o médico transplantador consegue realizar a substituição apenas da parte afetada da córnea, aumentando ainda mais o sucesso da cirurgia, diminuindo a chance de rejeição e, às vezes, com uma córnea beneficia dois pacientes.

Para melhorar essa realidade, estudos mostram que a intenção em ser doador é muito maior que o número real de doadores. Isso se dá pelo desconhecimento da família sobre a vontade de seu parente de doar. Para se vencer essa barreira, é simples: fale com sua família e ajude ao próximo.