Uma das afirmações mais intrigantes que escuto no consultório é a seguinte: "Já me acostumei com esta dor, doutor".

A medicina, de um modo geral, evoluiu muito rapidamente nos últimos anos e continuará evoluindo sempre. Tanto quanto outras áreas médicas, a ortopedia vem se desenvolvendo e progressivamente vão surgindo tratamentos clínicos e técnicas cirúrgicas mais apuradas e complexas, sendo necessário, cada vez mais, o auxílio de materiais cirúrgicos apropriados bem como uma equipe médica treinada e qualificada. Estes fatores facilitam, sobremaneira, a execução dos procedimentos, permitindo menor agressão ao paciente e maior precisão na execução dos atos cirúrgicos.

A artroscopia do ombro é um exemplo clássico de tais avanços, mostrando, de fato, que a tecnologia realmente está a favor do homem. Através de pequenos "portais", ou por que não dizer "furos", em torno da articulação do ombro, é possível realizar procedimentos cirúrgicos de alta complexidade e precisão, dentro ou fora da articulação, sem praticamente traumatizar a já lesionada região, permitindo desta forma tratamento de patologias bem definidas através da dita cirurgia minimamente invasiva, sem grandes incisões, como as realizadas num passado não muito remoto.

A cirurgia artroscópica do ombro só fortalece todos estes avanços. Estando bem consolidada no meio ortopédico, permite ao mesmo tempo diagnosticar patologias que antes eram obscuras, como também tratar de forma segura e eficaz doenças do ombro, antes já conhecidas, porém tratadas com grandes incisões e recuperação árdua e lenta. Com pequenas incisões, os ditos "portais", de forma mais segura e rápida, diminuem os índices de resultados indesejáveis, reabilitando o doente mais precocemente às suas atividades normais, além de preservar e valorizar a estética - tão importante - do ombro.

Desta forma não se pode mais aceitar, nos dias atuais, este tipo de assertiva: "já me acostumei com esta dor, doutor".