Estimativas da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que cerca de 400 mil homens com mais de 45 anos têm câncer de próstata no Brasil e que a maioria não sabe disso. Até o final deste ano, cerca de 47.280 novos casos devem ser diagnosticados no País. Estatisticamente, um em cada grupo de seis homens pode ter câncer de próstata no Brasil, que é o mais freqüente nos homens e o segundo maior causador de mortes no País. Uma pesquisa norte-americana publicada no New England Journal of Medicine é ainda mais preocupante. O estudo indica que a chance de um homem ter câncer de próstata gira em torno de 25%, ou seja 1 em cada 4 terá a doença no decorrer da sua vida. Preocupada com as estatísticas, a Sociedade Brasileira de Urologia está realizando desde o dia 11 deste mês a terceira edição da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Próstata, que se estenderá até a próxima sexta-feira (17). O secretário da SBU-PB, urologista Leandro Tavares, informou que ainda é desconhecida a causa exata do câncer de próstata, como ocorre com a maioria dos tumores malignos. Mas, já foram identificados alguns fatores de risco. Entre eles, o médico cita dieta rica em alimentos gordurosos e pobre em selênio e licopeno, substâncias encontradas em frutas e verduras que tenham cor avermelhada - principalmente o tomate e a pitanga. "Além desses, destaca-se ainda como fator de risco, principalmente, a hereditariedade. Ou seja, aqueles homens que têm ou tiveram algum parente direto com câncer de próstata têm maior chance de desenvolver a doença", alerta Leandro Tavares. Apesar dos riscos, se for detectado precocemente o câncer de próstata pode ser tratado por cirurgia, com elevada chance de cura, ou por radioterapia. O problema é que na fase inicial, justamente quando pode ser curada, a doença não apresenta sintomas. Por isso, a prevenção é a única saída. "A recomendação é que todo homem acima de 45 anos procure seu urologista de confiança para realizar o exame urológico anual de rotina", orientou. O médico lembra que, caso exista algum caso da doença na família ou se a pessoa for da raça negra, o exame deve começar a ser feito cinco anos antes, ou seja, a partir dos 40 anos. A detecção ocorre com a ajuda do exame sangüíneo, que revela o nível de PSA, ou por toque retal. Vale ressalta que de 10% a 20% dos casos não são apontados pelo exame de sangue. Por isso, para uma avaliação exata o toque retal é imprescindível. "Portanto, devemos nos conscientizar, cada vez mais, de que temos nas nossas mãos a chance de salvar nossas vidas. Isso requer apenas uma visita anual ao médico e a realização dos exames básicos. Só depende de você", lembra Leandro Tavares. ORIENTAÇÕES À POPULAÇÃO Este ano, a campanha da SBU tem como slogan "Não precisa ser doutor para saber da importância do exame de próstata". Tendo como garoto propaganda o ex-jogador de futebol Sócrates, ela foi lançada no último dia 11 e se estenderá até a próxima sexta-feira (17), Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata. Durante todo este período, estarão sendo distribuídos em todo o Brasil cerca de dois milhões de panfletos explicativos e cerca de três mil CDs-Rom com as principais informações sobre a doença, os tratamentos e os sintomas. Em João Pessoa, urologistas estarão fazendo esclarecimentos e distribuindo o material educativo na próxima sexta-feira (17), das 6h às 9h, no Busto de Tamandaré, na praia de Tambaú. Na Paraíba, também estão previstas palestras. A maior preocupação dos médicos é com o preconceito que ainda existe em torno do exame do toque retal. Mas, o objetivo da campanha deste ano vai além da conscientização da população sobre estas doenças. A Sociedade Brasileira de Urologia quer cobrar do governo a distribuição de remédios gratuitos para o tratamento da hiperplasia prostática, enfermidade que atinge cerca de 90% dos homens a partir dos 45 anos, e garantir que as cirurgias nos hospitais públicos sejam realizadas em menos tempo. Atualmente, quem recorre ao SUS não recebe estes medicamentos e tem de esperar de seis meses a um ano por uma cirurgia. "É muito mais vantajoso para o governo oferecer o medicamento que custa no varejo cerca de R$ 30 por mês e será utilizado por cerca de seis meses. A cirurgia pode custar o equivalente a 15 anos de remédios", explica o presidente da SBU, Sidney Glina, informando que a entidade já cobrou ações ao Ministério da Saúde por meio de carta entregue em maio deste ano. Ele ainda confirma que, enquanto o paciente está na fila de espera, o tumor pode evoluir. "Embora a evolução do câncer de próstata seja lenta, pois leva cerca de seis a sete anos para formar metástases, o tempo perdido na espera pode permitir que o tumor cresça. Por outro lado, se a neoplasia for diagnosticada tarde, corre o risco de não poder ser curada", alerta. Importante órgão do aparelho reprodutor masculino, a próstata tem a função de produzir a secreção que participa do esperma, representando 30% do volume do líquido espermático. Essa secreção serve como meio de transporte, alimento e proteção para os espermatozóides. Situada logo abaixo da bexiga e em frente ao reto, o órgão fica em volta da uretra, tem a forma de uma castanha e pesa em torno de 20 gramas.