A professora Acsia de Alencar sofria com uma dor de garganta recorrente. A quantidade de antibióticos que precisava tomar para tratar as crises repetitivas era algo que a preocupava. “Estava sempre em clínicas para tratar o problema”, lamentou. Até que em uma das consultas ao otorrinolaringologista, ela descobriu que estava com refluxo gastroesofágico.
Depois do tratamento e da adoção de hábitos mais saudáveis, a professora controlou os sintomas e ganhou qualidade de vida. “Há seis meses não tenho uma crise de garganta, nem sintomas do refluxo. Tento manter uma dieta equilibrada, evito comer alimentos industrializados e gordurosos”, contou.
DOENÇA BENIGNA
Mas, o que é exatamente a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)? Trata-se do retorno involuntário do conteúdo do estômago para o esôfago, e em direção à boca. Esse processo agride a mucosa que reveste o esôfago, causando complicações à saúde.
Segundo o gastroenterologista José Nonato Fernandes Spinelli, médico cooperado da Unimed João Pessoa, o refluxo gastroesofágico é uma doença de curso benigno, individualizada. O tratamento visa controlar os sintomas, que se dividem em típicos e atípicos, e fundamentalmente proporcionar uma boa qualidade de vida ao paciente.
Um dos sintomas típicos é azia com regurgitações e refluxo. Já nos atípicos podemos destacar dor torácica não cardíaca, tosse crônica, laringite, asma, rouquidão, erosões dentárias e outras associações propostas como sinusite, fibrose pulmonar, faringite, otite media recorrente. “No idoso, se observa uma incidência elevada de pneumonia de repetição por broncoaspiração”, informou o médico.
HÁBITOS E CONTROLE
O refluxo gastroesofágico pode surgir em qualquer idade. Apesar de na maioria das vezes ser crônica, a doença pode ser controlada com uso da medicação correta, adoção de alimentação saudável e boa qualidade de vida.
José Nonato Spinelli disse que não existem precauções que impeçam o surgimento do refluxo. Alguns hábitos, no entanto, podem agravar ou até causar o aparecimento desse problema. O estresse, tão comum na sociedade atual, é um dos vilões. Outros fatores como, excesso de peso, consumo excessivo de álcool, fumo, alimentos gordurosos e condimentados podem agravar o refluxo.
Diante desta realidade, o especialista recomenda inserir na dieta diária alimentos naturais como legumes, hortaliças e frutas, além de tentar manter uma rotina equilibrada, longe de tensões e experiências emocionais negativas, mantendo o uso correto da medicação e assistência médica.
FIQUE ATENTO
Existem algumas complicações que podem advir do refluxo gastroesofágico, mesmo durante o tratamento. Entre elas, estão estenose, esôfago de Barrett e adenocarcinoma. “Daí a necessidade de um controle médico mediante o surgimento de quaisquer sinais denominados de alarme, tipo perda de peso, disfagia, dor a deglutição, hemorragia (vômitos sanguinolentos ou fezes escuras) ou outros sintomas”, alerta o gastroenterologista.