O presidente da Unimed JP e do Instituto UniGente, Aucélio Melo de Gusmão, lamentou nesta quarta-feira a morte da médica brasileira Zilda Arns, em terremoto ocorrido ontem no Haiti. “Ela sempre foi uma das nossas inspirações para a implantação dos nossos projetos sociais”, afirmou Aucélio Gusmão.“Com simplicidade, Zilda Arns foi responsável por iniciativas que lutamos constantemente em nossas ações locais: transformar vidas”, complementou.
A médica, que era coordenadora internacional da Pastoral da Criança, visitou a Capital em agosto do ano passado. Na ocasião, ela participou de reuniões com as coordenadoras diocesanas na Paraíba da Pastoral da Pessoa Idosa e de uma Missa celebrada pelo Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto.
Zilda Arns Neumann era médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, além de ser representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Mãe de cinco filhos, dos quais apenas quatro estão vivos, e avó de nove netos, recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país. Da mesma forma, à Pastoral da Criança foram concedidos diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo desenvolvido desde a sua fundação.
Ela tinha viajado para o Haiti no último final de semana para participar de um encontro missionário e estava hospedada na sede episcopal. De acordo a assessoria de Zilda Arns, a coordenadora estava no Haiti para levar a metodologia de atendimento da Pastoral da Criança no combate à desnutrição. O desaparecimento de Dona Zilda, de 75 anos, foi confirmado pelo filho Rubens Arns. Segundo ele, o último contato com a mãe foi feito no sábado (9).
VIDA E OBRA
Formada em medicina, aprofundou-se em saúde pública, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas.
Sua experiência fez com que, em 1980, fosse convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin, para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no Paraná, criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde.
Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança juntamente com Dom Geraldo Majella Cardeal Agnelo, arcebispo primaz de Salvador da Bahia e presidente da CNBB, que à época era arcebispo de Londrina. No mesmo ano, deu início à experiência a partir de um projeto-piloto no Paraná. Após vinte e cinco anos, a pastoral acompanhou quase dois milhões de crianças menores de seis anos e mais de um milhão de famílias pobres em 4.060 municípios brasileiros. Neste período, mais de 200 mil voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando condições para que elas se tornem protagonistas de sua própria transformação social.
Em 2004, recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. Atualmente mais de cem mil idosos são acompanhados mensalmente por doze mil voluntários de 579 municípios de 141 dioceses de 25 estados brasileiros.
Dividia seu tempo entre os compromissos como coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e a participação como representante titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde, e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
(Com informações da Wikipédia)