Pouco mais de um quinto da população brasileira (20,8%) conhece os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015, aponta uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) há cerca de dois anos.
O levantamento, que ouviu 1.500 pessoas, faz parte de uma rede mundial chamada World Values Survey, que envolve cientistas sociais de 80 países. A pesquisa, feita geralmente de cinco em cinco anos, desde 1995, aborda temas ligados à religião, cultura, comportamento e política. Esta foi a primeira edição em que se incluíram questões sobre os Objetivos do Milênio. Os dados ainda não foram divulgados oficialmente, e apenas 28 países, incluindo o Brasil, já os apresentaram para a coordenação da pesquisa.
Desses 28 países, o Brasil é o nono em que os Objetivos do Milênio são mais conhecidos. “Em termos percentuais, 20% pode parecer pouco. Mas em uma população com quase 200 milhões de habitantes esse é um número significativo, especialmente em um país com um grande número de pessoas que não tiveram acesso à educação, não sabem ler”, destaca a oficial de Avaliação e Monitoramento do PNUD, Ana Rosa Monteiro Soares, responsável no PNUD Brasil pelo acompanhamento dos Objetivos do Milênio.
O coordenador da pesquisa no Brasil, Henrique Carlos de Castro, também considera os números brasileiros expressivos. “É um conhecimento bastante alto em relação a outros países. A população brasileira conhece bem os ODM”, diz o cientista social e professor da UnB. Entre os países vizinhos que já enviaram os dados, o conhecimento sobre os Objetivos do Milênio é maior no Chile (28,7%) e menor no Uruguai (13,3%) e na Argentina (9,1%).
O pior entre os 28 são os Estados Unidos, onde só 4,8% das pessoas já ouviram falar sobre os Objetivos da ONU. O Vietnã, país que ocupa a 108ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano — 101 posições abaixo dos Estados Unidos — é onde mais gente ouviu falar das metas da ONU: 33,1%. “São visões diferentes. Os países desenvolvidos são chamados à atenção para cumprir uma promessa que eles fizeram, de ajudar as nações em desenvolvimento. Já nos países em desenvolvimento, procuramos estimular que a população cobre dos governantes e de sociedade como um todo que as metas sejam alcançadas”, diz compara Ana Rosa.
IMPORTÂNCIA DOS ODM
A pesquisa perguntou também quais são, na opinião dos entrevistados, os problemas mais graves enfrentados por seu país. Para 63% dos entrevistados brasileiros, a pobreza veio em primeiro lugar. Depois, vieram a educação inadequada (13,6%), a falta de água, esgoto e as doenças infecciosas (10,8%), a discriminação contra mulheres e meninas (6,7%) e a poluição ambiental (5,8%).
Quando questionadas sobre a importância de cada um dos Objetivos do Milênio, 87,8% dos entrevistados brasileiros responderam que reduzir pela metade até 2015 a extrema fome e a pobreza (primeiro ODM) deveria ser de extrema ou alta prioridade por parte dos governantes. E, para 90%, é de máxima ou alta prioridade aumentar o acesso à escolaridade e reduzir a mortalidade infantil e os índices de infecção por HIV.
Os dados relacionados com o Brasil foram divulgados em um artigo escrito pelo pesquisador da UnB, em parceria com Maria Inez Walter, também ligada à Universidade de Brasília. O trabalho foi publicado pela Rede de Laboratórios Acadêmicos para Acompanhamento dos Objetivos do Milênio, que tem o apoio do PNUD. A cada dois meses, um novo artigo relacionado às metas da ONU será disponibilizado no site da rede.
(Com informações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Pnud)
