Por que os homens resistem tanto a procurar ajuda médica? Quem pensava se tratar de medo, se enganou. Estudo do Ministério da Saúde mostrou que a resistência ocorre por três barreiras principais: culturais, institucionais e médicas. O levantamento foi realizado com a finalidade de direcionar melhor a política de atenção à saúde do homem.
Entre as barreiras culturais, o coordenador da área técnica de saúde do homem do Ministério da Saúde, Ricardo Cavalcanti, cita o conceito de masculinidade vigente na sociedade, no qual o homem se julga imune às doenças, consideradas por ele sinais de fragilidade. Como provedor, o homem não pode deixar de trabalhar para ir a um consultório. “Eles não reconhecem a doença como algo inerente à condição do homem, por isso acham que os serviços de saúde são destinados às mulheres, crianças e idosos”, explica o médico. Além disso, outra dificuldade é que eles não acreditam em profilaxia, o que prejudica o trabalho de prevenção.
Em relação às barreiras institucionais, o levantamento mostrou que os homens não são ouvidos nos consultórios. Por isso, freqüentam pouco esses locais. O fato de grande parte dos serviços serem formados por profissionais mulheres também impede que eles encontrem espaço adequado para falar sobre a vida sexual, como por exemplo, relatar uma impotência.
Sobre as barreiras médicas, Cavalcanti enumera a falta de postura adequada dos profissionais de saúde e as consultas com duração muito curta. “Os médicos precisam dar mais atenção nas consultas para estabelecer uma relação médico-paciente”, alerta.
Para chegar a estas três barreiras, o Ministério da Saúde ouviu representantes das sociedades médicas brasileiras, antropólogos, psicólogos, membros do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). Foram entrevistadas aproximadamente 250 pessoas.
DESAFIOS
Com o perfil traçado, o desafio, agora, é desenvolver mecanismos para enfrentar estes aspectos. Os meios de comunicação são peças importantes neste processo, segundo Ricardo Cavalcanti. “O homem deixou de ser o machão do passado e a sociedade está reformulando o conceito de masculinidade, para isso precisaremos da ajuda da mídia”, afirma o coordenador.
Será preciso também, segundo ele, contar com a ajuda das empresas. Uma das sugestões é que estas organizações criem programas que estimulem seus funcionários a irem ao médico. Em geral, eles não querem deixar o horário de expediente para ir ao consultório, pois acham perda de tempo. Outra frente de ação serão as campanhas publicitárias voltadas para a mulher, pois elas têm um papel fundamental de convencimento.
Entre as doenças que mais matam o homem até os 40 anos de idade, estão as causas externas (violência e agressões). A partir desta idade, em primeiro lugar estão as doenças do coração e as neoplasias; em segundo, as doenças do aparelho respiratório e da próstata.
(Com informações da Agência Saúde)