Além de tentar impedir, a pergunta é: como evitar o início do consumo de cigarro pelo adolescente? Há alguns anos, o cigarro era objeto de desejo, profanado no cinema, na publicidade, encarado como símbolo de independência e sedução, um estímulo e tanto para os jovens. O curioso é que atrás da atitude de auto-afirmação e aparente liberdade de escolha estava um minucioso jogo de manipulação, onde o objetivo era justamente ampliar o mercado de venda de cigarros através da conquista dos mais jovens, usuários fiéis e no longo prazo, de um produto que vicia e na verdade nada tem de saudável.
“A adolescência é um ponto crucial hoje no tabagismo porque 90% dos fumantes começam a se viciar na adolescência”. Este dado foi levantado pelo médico pediatra Gilvan da Cruz Araújo, durante a realização do 1º Encontro Unimed de Combate ao Tabagismo, no último sábado (19), no auditório do Hotel Ouro Branco, em João Pessoa.
Segundo ele, os adolescentes são as vítimas mais fáceis da indústria do tabagismo. As fases de experimentação e de vivência de novas emoções, com as angústias e incertezas desta etapa da vida, trazem sim o risco da busca de satisfação através das drogas. “Não é à toa que a maior parte dos fumantes tenha iniciado o tabagismo na adolescência, mas o que muitos deles não preveem é que vão seguir fumando por mais uns 30 anos, apesar de achar que param quando quiserem”, relatou.
Ainda de acordo com ele, a orientação junto a essa camada da sociedade é um ponto importantíssimo, tanto para a luta do antitabagismo, como até para as empresas de cigarros que tem como alvo essa faixa etária. “Então a luta para se evitar que o adolescente comece a fumar é muito importante, porque depois que ele começa a fumar, os trabalhos de pesquisa mostram que eles continuam o uso do cigarro por mais 30 anos. Então é mais importante evitar que ele comece a fumar, do que tentar parar depois que ele inicia”, disse.
Outro ponto a discutir, segundo o médico, é o acesso aos cigarros, tanto pela proibição de venda a menores – que tantas vezes é descumprida - como pelo preço do maço no Brasil, um dos menores do mundo. Para ele, o jovem pode evitar o tabagismo sendo bem informado e participante.
“É difícil o adolescente ter a consciência em si, porque ele é bastante influenciável. Então, cabe a nós da sociedade mostrar a ele que aquilo vai ser prejudicial a ele, mesmo que seja uma coisa prazerosa, mas que no futuro ele será prejudicado, além de estar prejudicando outras pessoas”, finalizou.
