Mães são aquelas mulheres que cuidam, que amam, que curam a dor dos seus filhos. Médicos cuidam e curam as doenças dos filhos de outras mães, de outros pais. Ser mãe é uma missão, é um sacerdócio; ser médica também. Muitas mães também são médicas e não é fácil conciliar este cuidado com seus filhos e com os filhos dos outros, mas a dedicação e o carinho permeiam esta profissão tão importante. As mulheres conseguem dar conta de várias atividades diariamente e com as médicas também é assim.
Filhos de médicas aprendem desde cedo ser pacientes e compreensivos. Mães médicas aprendem desde o início da maternidade, que cada minuto com os filhos é especial, que o cuidado e o carinho nunca são negligenciados. Ser mãe e médica faz parte da rotina de mulheres que doam tudo de melhor, sempre.
A ginecologista Inêz de Azevedo foi mãe muito cedo, quando ainda tentava entrar em uma faculdade de medicina. Seu sonho sempre foi ser médica obstetra, influência do seu padrinho, que tinha esta mesma profissão. Sempre soube que esta era a sua vocação, que a obstetrícia era o que queria para a vida.
Ela diz que não foi fácil seguir com o sonho, cuidar dos filhos, construir a carreira. "Em alguns momentos era difícil estar com os filhos, mas todo minuto era muito bem aproveitado, era intenso. A obstetrícia é um sacerdócio, mas a maternidade também é", disse.
A dedicação de Inêz foi tamanha, que sua filha Karina seguiu seus passos: hoje também é ginecologista e obstetra. "Fui criada sempre com minha mãe sendo exemplo de vida como profissional e mãe. Sempre disponível a atender e para fazer partos a qualquer hora e com o sorriso nos lábios", disse Karina.
"Minha mãe desdobrava-se para cuidar das filhas (seis) e não deixar que nos faltasse nada, não precisava nem passar muito tempo conosco porque não tinha todo este tempo disponível, mas com certeza o suficiente para ser exemplo de caráter e honestidade. Mesmo sentindo que obstetrícia era uma profissão sem horários e com grande responsabilidade, ela sempre fez com tanta felicidade que para mim nunca tive duvidas em relação à profissão que queria para minha vida. Mesmo na sua ausência para fazer partos ou plantões, soube mostrar o verdadeiro significado do que é ser mãe e espero que eu possa ser metade para as minhas filhas do que ela foi para mim. Amo muito a minha mãe".
A médica gastroenterologista Fátima Duques teve dois filhos enquanto cursava medicina, o terceiro nasceu já no final da residência. "Na época de estudante já foi um pouco difícil, pois o curso de medicina é pesado, mas os tempos eram outros e havia mais auxiliares que ajudavam bastante. Depois da residência fiquei certo tempo sem trabalhar e, depois que comecei, não parei até hoje", disse.
Para conseguir "dar conta" dos filhos, ela fez concessões na profissão. "Não dava plantões noturnos, não ocupava toda a semana, tinha os fins de semana livres também. Procurei dar aos filhos o máximo de atenção no tempo disponível. Como as mães de hoje, levava-os para a escola, natação, judô, jiu-jitsu, inglês, contava histórias...", lembrou.
O tempo passou, os filhos foram crescendo e à medida que se tornaram adultos, ela foi se dedicando mais à profissão. "Hoje já tenho netos e continuo exercendo a medicina, mas não deixo de dar a atenção de avó que trabalha. E sou encantada vendo os filhos hoje adultos serem pais dedicados".
Na medicina gosta de poder intervir positivamente na vida das pessoas e acha que um médico interessado em tentar resolver as questões que afligem as pessoas sob seus cuidados faz uma grande diferença na vida delas. "Isso também interfere na nossa vida, pois esse exercício nos torna mais humanos. Quanto a ser mãe, gostei de ter filhos desde o início e apreciei todas as fases, também sei que o amor de mãe precisa ser cultivado. Acho que até hoje cultivo essa relação mãe-filhos e não quero parar nunca", disse, lembrando que dois de seus filhos são médicos.