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Hospital esclarece que óbito de criança foi por complicações congênitas

Publicada em 14/06/2011 às 00h

Entrevista coletiva aconteceu na tarde desta terça (14), no auditório do Hospital Entrevista coletiva aconteceu na tarde desta terça (14), no auditório do Hospital

O corpo clínico do Hospital Unimed João Pessoa prestou esclarecimentos à imprensa paraibana no início da tarde desta terça-feira (14), durante entrevista coletiva no auditório da instituição sobre as causas da morte do bebê Isaac Magliano Santana, de cinco meses e 22 dias. Os médicos afirmaram que o óbito do paciente não foi ocasionado pela bactéria Klebisiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), e sim por uma série de complicações genéticas.

Na oportunidade, a direção e os médicos explicaram que todo o caso do bebê está documentado, contando com mais de 1,6 mil páginas que indicam o passo a passo de todos os procedimentos adotados durante a internação hospitalar na instituição. Eles explicaram todas as fases do tratamento realizado junto à criança, desde a sua admissão no Hospital Unimed JP, no dia 23 de fevereiro, até o seu óbito, ocorrido no último dia 7 de junho.

Concederam a entrevista o diretor do Hospital Unimed JP, Fábio Rocha; o pediatra e pneumologista infantil, Constantino Giovanni Braga Cartaxo; a coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neo Natal e Pediátrica, Janine Valença Alencar do Nascimento; e a coordenadora do Serviço de Controle da Infecção Hospitalar (SCIH), Helena Francelina Britto Germóglio.

HISTÓRICO

Segundo os especialistas, a criança, no ato da admissão na unidade, apresentava um quadro de insuficiência respiratória, pneumonia e disfunção da traqueia, contando já com 15 dias de evolução da doença. Ela já havia passado por uma internação de cinco dias em outra instituição hospitalar da cidade. No Hospital Unimed JP, ela foi internada em um apartamento e, após apresentar um agravamento no quadro de saúde, precisou ser transferida para UTI Neonatal.

Após a internação, os médicos avaliaram a necessidade de realizar uma broncoscopia e traqueostomia no bebê, procedimentos artificiais e invasivos, necessários para o restabelecimento da função respiratória da criança.

PROCEDIMENTOS

Após uma reação convulsiva, foi necessária a realização de uma tomografia na criança, na qual foi diagnosticada uma atrofia cerebral, decorrente de um erro inato do metabolismo. Os médicos explicaram que o paciente não conseguia metabolizar corretamente as enzimas e era submetido à nutrição parenteral (por via endovenosa) prolongada. “Ficou identificado que o bebê já tinha um quadro congênito, anterior à pneumonia, um quadro neurológico progressivo”, afirmou o médico Constantino Cartaxo, que acompanhou todo o tratamento clínico do paciente.

“Durante o período de internação da criança na UTI foram realizados procedimentos de coleta de material de cultura de forma preventiva e no dia 11 de abril, dentre outros germes que normalmente encontramos em uma paciente com esta gravidade e com estes tipos de procedimentos, houve um crescimento de um Klebisiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), não na secreção, mas na pele em volta do traqueosto”, informou o médico à imprensa durante a coletiva.

Conforme Constatino Cartaxo, depois da estabilização do quadro clínico da criança, o bebê voltou a ser transferido para um apartamento; no entanto, após 10 dias, o paciente retornou à UTI, em consequência de complicações da doença congênita, vindo a óbito em decorrência de morte natural ocasionada por diversos fatores, a exemplo de falência múltipla dos órgãos, choque séptico, septicemia, erro inato do metabolismo, coagulação intravascular disseminada (CIVD) e acidose metabólica.

PROBLEMAS GENÉTICOS

De acordo com a coordenadora Janine Valença, os médicos da UTI Pediátrica perceberam no ato da internação que o paciente não tinha um quadro de pneumonia simples e de uma insuficiência respiratória, mas se tratava de uma criança sindrômica, ou seja, que apresentava uma série de complicações clínicas.

“Na UTI, foram realizados todos os procedimentos necessários para dar a melhor assistência possível a essa criança. Mas, infelizmente ela sofria de vários problemas congênitos. Para se ter uma ideia, uma tomografia realizada no paciente identificou uma atrofia cerebral que era equivalente a de uma pessoa de 70 anos”, argumentou.

Janine afirmou que um paciente que tem uma internação prolongada, que é submetido a uma traqueostomia e ventilação mecânica para respirar, que se alimenta por meio de nutrição parenteral e faz uso de antibiotecoterapia tem mais predisposição a apresentar um quadro, tanto de infecção como de colonização. “No nosso Hospital a gente tem o cuidado de estar fazendo culturas periodicamente para identificar o que está acontecendo com o paciente durante o tratamento, que é realizado por meio de antibióticos”, disse.

ASSISTÊNCIA

A coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Unimed JP, Helena Germóglio, explicou que a morte da criança não foi ocasionada pela bactéria KPC, e sim por uma série de complicações por problemas genéticos.

Segundo ela, a bactéria estava na pele da criança e não na corrente sanguínea, caracterizando uma colonização. Ainda de acordo com informações dos médicos, a KPC foi detectada na criança no dia 11 de abril e, assim que foi descoberta, a criança foi medicada e o quadro clínico estabilizado, com a devida notificação do caso à Secretaria de Estado de Saúde (SES) no mês de abril.

O diretor do Hospital Unimed JP afirmou que, dentro do ponto de vista clínico, todas as medidas de assistência foram adotadas: “Foram realizados todos os esforços para a sobrevivência do paciente. No entanto, ele tinha uma doença de base extremamente rara e grave, que o levou a complicações no seu quadro clínico, deixando-o praticamente sem perspectivas de sobrevida. Não havia como recuperar um erro no metabolismo genético apenas com uso de recursos materiais”, enfatizou.

VIGILÂNCIA PERMANENTE

Por fim, a coordenadora do SCIH, Helena Germóglio, explicou que o trabalho do Hospital Unimed JP para manter o controle do índice e infecção hospitalar é realizado de forma contínua.

Segundo a médica, o princípio básico do controle das infecções hospitalares é a higienização das mãos. Ao entrar no interior do Hospital, os profissionais, os clientes e os visitantes são orientados a manter a higiene das mãos, mesmo que não venham a tocar em algum paciente.

“A primeira higiene deve ser feita com água e sabão. Logo após, é necessário reforçar e higienizar com álcool em gel. No entanto, o que muita gente não sabe é que a higienização das mãos precisa ser feita também antes de sair do Hospital, da mesma forma: com água e sabão e com álcool em gel,” explica.

No Hospital Unimed JP, em todos os andares e nas UTIs são disponibilizados recipientes fixados nas paredes contendo álcool em gel.