Quando o assunto é gordura, a imagem que logo vem à cabeça é de excesso de peso. E, não está de todo errado. Mas o que muitas pessoas não sabem é que nosso organismo produz dois tipos de células de gordura: a branca e a marrom. A primeira tem a função de acumular energia no corpo, pelo excesso de comida e falta de exercício físico. Já a marrom, é também conhecida como “gordura boa” e auxilia na queima de calorias, gerando calor corporal.
Todos os indivíduos já nascem com a gordura marrom, porém em baixa quantidade. Nos recém-nascidos ela ajuda a mantê-los aquecidos, depois vai diminuindo com o tempo e passa a se formar em outros locais como na frente do pescoço e na parte de cima do peito.
As origens da gordura marrom ainda não são bem definidas. Recentemente, dois grupos de cientistas conseguiram identificar fatores capazes de regular a formação da “gordura boa”, que, segundo eles, pode ser convertida diretamente em músculo. Os estudos, publicados na revista Nature, em agosto de 2008, prometem ajudar a desenvolver novas terapias contra a obesidade.
COMO AGE NO ORGANISMO
A gordura marrom é rica em mitocôndrias, que é responsável pela produção de energia na célula. Quando ingerimos um alimento ela entra em funcionamento. Por isso, às vezes suamos enquanto comemos.
A maior atividade metabólica promovida pela gordura marrom queima as calorias e impede o acúmulo de gordura no corpo. As pessoas que possuem mais dessa gordura produzem mais calor e, consequentemente, queimam mais calorias. Isto é uma das explicações do porquê algumas pessoas ingerem alimentos calóricos e não engordam, enquanto outras ganham peso ao comer pequenas quantidades de alimentos.
Algumas comidas, quando ingeridas podem estimular a produção de gordura marrom. São eles: óleos, como o de oliva, de linho, prímula e gordura de peixe. Tomar banhos frios também ajuda.
ESTUDOS
O primeiro grupo de cientistas, liderado por Bruce Spiegelman, do Instituto do Câncer Dana-Faber, nos Estados Unidos, descobriu que a proteína PRDM16 regula a criação de gordura marrom a partir de células maduras. Nos testes de laboratório, eles usaram o gene em um grupo de células que geralmente geram músculos. Descobriram que a proteína fazia com que essas células formassem gordura marrom, mas não branca. Ao bloquear a produção da proteína, essas células marrons de gordura se transformavam em músculos.
Já o estudo realizado no Centro Joslin de Diabetes da Havard Medical School identificou uma outra proteína, chamada BMP7, importante para a geração de células de gordura marrom. Os pesquisadores realizaram experimentos com ratos, que receberam uma grande quantidade da proteína. Depois de apenas cinco dias, os animais desenvolveram um pouco mais de gordura marrom, apresentaram uma temperatura do corpo um pouco mais elevada e ganharam menos peso do que os ratos que não haviam recebido a proteína.
Os cientistas acreditam que o impacto da proteína no ganho de peso pode ser ainda maior em um período mais longo. Segundo Dominique Langin, do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica em Toulouse, na França, em entrevista à revista Nature, os dois estudos podem abrir caminhos para novos tratamentos contra a obesidade, mas antes é importante identificar com precisão o papel da gordura marrom nos humanos.
(Com informações da Agência de Notícias da Unimed Brasil)