A Coluna Unimed Saúde deste domingo (12) traz na seção “Consultório Médico” um artigo do oftalmologista Fernando Melo Gadelha sobre os efeitos da idade sobre os olhos. No material, o médico também apresenta as inovações terapêutica da oftalmologia moderna nesta área.
A Coluna Unimed Saúde é publicada todos os domingos nas editorias de Cidades dos três maiores jornais do Estado – Correio da Paraíba, O Norte e Jornal da Paraíba. Além de divulgar informações sobre a Cooperativa, há sempre um artigo médico abordando temas de interesse da população.
Fernando Gadelha atende no Núcleo Especializado em Oftalmologia (NEO). Para marcar consultas, os clientes devem ligar para os telefones 3225-1800 ou 3225-3195. Por uma questão de espaço, o artigo do médico teve que ser resumido para ser publicado na coluna. Leia abaixo o texto na íntegra.
---
ARTIGO
Os efeitos da idade sobre os olhos e as inovações terapêuticas da oftalmologia moderna
A visão é um dos nossos sentidos mais valiosos e é tão natural para nós que, raramente, pensamos sobre o que a torna possível.Quando nossos olhos funcionam corretamente, eles recebem a luz que é refletida ou produzida pelos objetos. Isto nos permite enxergar formas, cores e dimensões. Olhos saudáveis se adaptam a mudanças na quantidade de luz disponível. Se não há luz, ou se nossos olhos não podem receber luz, não conseguimos enxergar absolutamente nada.
O olho humano age como se fosse uma câmera. A luz de um objeto passa através da córnea, da pupila e do cristalino até que, finalmente, é "revelada" em uma imagem focalizada sobre a retina. Da mesma forma que a lente de uma câmera pode ficar gasta com o tempo, o cristalino (lente natural do olho humano) também sofre alterações degenerativas que o “desgastam”. Quando isto acontece, o mundo ao nosso redor começa a parecer um pouco fora de foco.
Com o avanço da idade, as duas principais causas de perda visual são a Presbiopia (Vista cansada) e a Catarata (Opacidade do cristalino).
A presbiopia é um fenômeno fisiológico que se caracteriza pela diminuição da flexibilidade do cristalino, reduzindo a capacidade do olho de passar de um ponto focal (objetos para longe) para outro (objetos para perto). Esta condição, tipicamente, torna-se mais sensível conforme a pessoa vai perdendo sua habilidade de ler ou ver objetos próximos sem o uso dos óculos ou lentes de contato. A presbiopia, geralmente, começa afetando a visão por volta dos 40 anos de idade. Por volta dos 50 anos, quase todas as pessoas sentem dificuldade com a visão para perto.
A Catarata afeta grande parte da população acima dos 60 anos, podendo, em alguns casos, manifestar-se mais precocemente. Esta condição ocorre quando o cristalino começa a se tornar opaco, fazendo com que os raios de luz se espalhem. Alguns sinais de catarata incluem visão embaçada, reflexos, halos ao redor de luzes e alteração freqüente da prescrição dos óculos. Outros sinais incluem visão noturna fraca e necessidade de mais iluminação para enxergar. Somente seu oftalmologista é capaz de afirmar com certeza se você tem ou não catarata. Se permanecer sem tratamento, a catarata pode levar à cegueira. A melhor opção de tratamento médico para a catarata é através da remoção cirúrgica do cristalino opaco e implante de uma lente, que é denominada lente intra-ocular.
A cirurgia de catarata tem passado por avanços de técnica significativos e, atualmente, é um procedimento seguro, com baixos índices de complicações. A anestesia é local, podendo ser realizada com colírios anestésicos e sedação (anestesia tópica). Durante a cirurgia, que dura, em média, de 15 a 45 minutos, o cristalino cataratoso é substituído pela lente intra-ocular.
Como a maioria das especialidades médicas, a oftalmologia vem avançando a passos largos. A expectativa dos pacientes em diminuir a dependência dos óculos tem sido cada vez maior e novas técnicas e materiais cirúrgicos vêm surgindo com este intuito.
Atualmente, aparelhos que utilizam Radiofreqüência ou laser para modificar a curvatura da córnea (uma das lentes do olho), assim como técnicas de substituição do cristalino por lentes intra-oculares especiais permitindo melhora da visão para perto, já são usados para tratar a presbiopia, embora, em alguns casos, ainda em caráter experimental.
Utilizando um avançado sistema óptico e dados de milhares de olhos humanos, cientistas e engenheiros desenvolveram, através de mecanismos complexos conhecidos como “apodização” e “lapidação”, estas novas lentes intra-oculares, capazes de restaurar a performance e qualidade visuais do cristalino natural, melhorando a visão funcional e possibilitando visão para perto e longe com reduzida dependência dos óculos em todas as condições de luz.
Para muitas pessoas que usam óculos ou lentes de contato e, principalmente, para aquelas que apresentam catarata, estas novas lentes intra-oculares podem representar menor dependência dos óculos. O objetivo não é apenas tratar a presbiopia e a catarata, mas, principalmente, restaurar, através de procedimento cirúrgico seguro e eficaz, a habilidade de enxergar de perto e longe em todas as condições de luz e com boa qualidade visual.
Os resultados podem variar de acordo com o potencial de visão, estilo de vida e anatomia do olho de cada paciente. Algumas pessoas sentirão necessidade de um óculos de leitura para ler letras pequenas ou dirigir à noite. A maioria das pessoas, entretanto, pode conduzir grande parte de suas atividades diárias sem depender dos óculos ou lentes de contato.
Da mesma forma que em qualquer procedimento cirúrgico, há riscos e efeitos colaterais envolvidos e seus resultados não podem ser totalmente garantidos. Para a maioria das pessoas, há um período de aprendizado ao novo sistema visual que permite enxergar para perto e longe com a nova lente. Este período de ajuste, geralmente, dura de 6 a 12 semanas após a cirurgia. Alguns pacientes reportam halos ou brilhos em torno das luzes. Este fenômeno diminui com o tempo para a maioria das pessoas. Para outros, isto se torna menos incômodo, mas não melhora completamente. Para muitos, a habilidade de enxergar de perto e longe supera qualquer efeito visual associado à lente.
O oftalmologista deve analisar, em conjunto com o paciente que optar por esses novos tratamentos, importantes aspectos de segurança e reabilitação visual e decidir sobre a melhor conduta a ser executada em cada caso com o intuito de proporcionar, acima de tudo, o sucesso terapêutico e a conseqüente satisfação dos nossos pacientes.
Fernando Gadelha, oftalmologista, CRM 5494