Cerca de 180 pessoas participaram na manhã deste sábado (22) do VIII Encontro Sobre Saúde da Unimed João Pessoa. Com o tema “Diabetes: aprendendo a se cuidar", o evento ocorreu no auditório do Shopping Sebrae e teve o objetivo de explicar as formas de prevenção e tratamento da doença.
O presidente da Unimed, Aucélio Gurmão; o diretor Financeiro da Cooperativa, João Modesto; e o coordenador de Promoção da Saúde, Garibaldi Souto, participaram da abertura do evento.
Em breves palavras, Aucélio Gusmão lembrou que esse distúrbio não tem cura, mas tem tratamento. Por isso, quem seguir as recomendações médicas, poderá ter uma vida longa e normal.
O coordenador de Promoção da Saúde, Garibaldi Souto, afirmou que uma das ferramentas usadas no combate ao diabetes é a informação. “O ruim dessa doença é que ela vai atingindo outros segmentos do corpo: coração, olhos e rins. Mas isso pode ser evitado com alguns cuidados”, afirmou.
ATIVIDADE FÍSICA
Antes de assistir às palestras, os participantes foram convidados a fazer pequenos exercícios físicos. A educadora física, Teresa Aguiar, da Empresa Qualivida, explicou que as atividades ajudam a prevenir o diabetes e ensinou alguns movimentos que podem ser feitos durante o dia em qualquer lugar.
Em seguida, a endocrinologista Rosália Gouveia subiu ao palco. Ela informou que existem cerca de 246 milhões de diabéticos no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, e que 46% dos portadores brasileiros não sabem que têm a doença. “Os fatores que contribuem para esse aumento são longevidade (quanto mais envelhece, maior é a chance de ter diabetes), consumo de industrializados e carnes gordas, sedentarismo e obesidade”, destacou a médica.
A especialista ainda explicou a função da insulina no organismo. “Ela é produzida pelo pâncreas, que fica no aparelho digestivo. E ajuda a controlar a taxa de açúcar quando fica elevada”, afirmou.
PERIGO
Excesso de fome, de urina, de sede, coceira das partes genitais, tontura e fraqueza são os principais sintomas da diabetes. Mas nem sempre esses sinais são evidentes. Por isso, algumas pessoas só descobrem o problema quando o caso está avançado. Foi o que aconteceu com o juiz de direito aposentado, Francisco Muniz de Almeida, que estava entre os participantes do evento.
“Cheguei a ter problemas na retina, nos rins e precisei até fazer um transplante renal. A situação ficou tão grave que precisei me afastar do trabalho. Só quando descobri que tinha diabetes e passei a ter consciência disso, é que voltei a ter uma vida normal”, conta.
É devido a essas complicações que o diabetes precisa ser tratado, alertou a endocrinologista durante a palestra. “Quem tem casos na família ou apresentou a doença durante a gestação precisa ficar atento, mesmo que não sinta nada”, recomendou.
ALIMENTAÇÃO
A nutricionista Regina Monteiro foi a segunda palestrante do encontro. Ela ressaltou que a qualidade das refeições tem papel fundamental no controle do diabetes. Por isso, as pessoas devem consumir frutas, verduras, produtos integrais, porque todos são ricos em fibra.
“As fibras são carboidratos que modulam a velocidade da absorção. Elas prolongam a sensação de saciedade e diminuem a fome. Também evitam na prevenção da constipação e fazem o controle da glicemia”, informou.
Diminuir o consumo de gordura animal é outra forma de prevenir as complicações da doença. “Esse tipo de gordura é rico em colesterol ruim. As pessoas devem dar preferência à gordura do tipo vegetal. Além disso, é preciso fazer caminhadas de meia hora por dia. Só com alimentação e prática de exercício é possível manter a doença sob controle”, destacou.
Regina ainda destacou que fazer três refeições, além de dois ou três lanches diários são algumas formas de prevenir as complicações. No entanto, a nutricionista advertiu que as porções não podem ser grandes. “Mastigar devagar, beber bastante água, tomar leite desnatado e preferir carnes brancas, magras e sem pele são outras dicas de alimentação saudável”, salientou.
DANOS À CIRCULAÇÃO
O angiologista Otacílio Figueiredo também ministrou uma palestra no Encontro Sobre Saúde e detalhou que o diabetes obstrui artérias e causa danos ao coração, cérebro, membros inferiores e rins.
A doença ainda é responsável pela arteriosclerose, um problema cardíaco considerado como a primeira causa de morte no mundo. “A arteriosclerose é causada quando as artérias ficam obstruídas por gorduras e cálcio. O sangue não irriga o coração e corre o infarto”, enfatizou o médico.
Ele ainda explicou que devido a obstrução nos vasos sanguineos é que o diabético tem mais chances de desenvolver infartos, cegueira e amputação dos membros do que os não-diabéticos, ainda que estejam nas mesmas condições físicas.
“O diabetes é responsável por 80% das amputações no mundo. E essas complicações ocorrem apenas pela falta de atenção”, lamentou o angiologista.
CUIDADOS COM OS PÉS
Uma forma de evitar as amputações é cuidando bem dos pés. O assunto foi abordado durante o encontro pela enfermeira Fátima Moura, que mostrou a importância da higiene desses membros.
“Os pés devem se limpos, secos e hidratados todos os dias, mas as pessoas não devem passar os hidratantes entre os dedos. Também devem aparar as unhas em linha reta, reduzir as calosidades e examinar os pés diariamente. Verificar se eles têm bolhas, frieiras ou feridas”, orientou.
Fátima acrescentou que a escolha do sapato também merece cuidados. “Os calçados devem ser confortáveis, do tamanho e modelo adequados para o formato dos pés e vir acompanhado por meias”, aconselhou.
MUDANÇA NO COMPORTAMENTO
A psicóloga Lara Ferreira foi a última palestrante do evento. Ela afirmou que a mudança a não-aceitação da doença é uma atitude que pode atrapalhar o tratamento. “Chorar, lamentar, ficar triste são reações esperadas e que até ajudam a superar essa fase, mas pé preciso ter capacidade para enfrentar a situação. Você passa a andar com o diabetes ao seu lado”, completou.
Lara ainda explicou que o motivo que leva tantos portadores a não aceitar a doença. “É porque o tratamento exige uma mudança de estilo de vida. Ou seja: terá que fazer exercício físico, mudar a dieta, tomar medicamentos e nem sempre a pessoa está preparada para isso. “Sem contar que 90% dos diabéticos desenvolvem a doença na fase adulta, o que dificulta a mudança da vida”, observou.