Até trinta anos atrás, acreditava-se que uma noite mal dormida causava, apenas, sonolência. Sabe-se agora que, sem o repouso noturno adequado, o corpo e a mente perdem muito mais do que a chance de repor as energias gastas durante o dia. A privação de sono leva o organismo a um descompasso cujas consequências vão muito além da (óbvia) sonolência.
Pesquisas mais recentes permitem classificar a falta de sono como fator de risco isolado para uma série de doenças, como a hipertensão, infarto, derrame e a depressão. No caso das doenças metabólicas, como a obesidade e o diabetes, dormir mal é tão perigoso quanto não se alimentar de forma equilibrada e não praticar exercícios físicos.
Um estudo publicado na revista científica Clinical Endocrinology & Metabolism, conduzido por pesquisadores da Universidade de Chicago, mostra quão estreita é a relação entre a privação de sono e a resistência à insulina, condição que predispõe ao diabetes e às doenças cardiovasculares. A insulina é o hormônio responsável por tirar as moléculas de glicose da corrente sanguínea e jogá-las dentro das células.
O que acontece é que o organismo interpreta o stress provocado pelo sono inadequado como se estivesse em situação de perigo. Diante de tal ameaça, ele responde com o aumento da secreção dos hormônios cortisol, adrenalina e noradrenalina, associados ao stress.
Nos tempos de nossos ancestrais das cavernas, na permanente vigilância contra animais ferozes e outras ameaças da natureza, grandes quantidades desses hormônios eram essenciais para a sobrevivência: elas significavam prontidão para a fuga ou o ataque. Nos dias atuais, em excesso, a trinca de hormônios só nos faz mal.
DISTÚRBIOS ASSOCIADOS
Confira abaixo os distúrbios associados à falta de sono:
-Resistência à insulina- Sem o repouso noturno adequado, o organismo aumenta a produção de cortisol, adrenalina e noradenalina, hormônios associados ao estresse. Em excesso eles tomam as células resistentes à insulina, o que dificulta o processamento da glicose e predispõe ao diabetes tipo 2.
-Hipertensão- O cortisol, a adrenalina e noradenalina são também vasoconstritores. Quatro horas e meia de sono por noite reduzem em até 50% a capacidade de dilatação dos vasos sanguíneos, que pode levar à hipertensão.
-Doenças do coração- Noites maldormidas podem alterar os impulsos elétricos que regulam os batimentos do coração.Com isso, aumentam os riscos de ocorrência de arritmias entre as pessoas com propensão ao problema.
-Obesidade- Durante o sono, o organismo reduz a síntese de grelina, o hormônio do apetite, e aumenta a de leptina, responsável pela saciedade. Quando uma pessoa se priva do sono ideal, a fabricação dessas substâncias fica desregulada, o que favorece o ganho de peso.
-Baixa imunológica- A privação do sono provoca redução nos níveis de CD4, CD8 e células T, os principais agentes de defesa do organismo. Dormir pouco, portanto, aumenta a vunerabilidade de doenças infecciosas.
-Dor crônica- Poucas horas de sono causam desequilíbrio na produção de neurotransmissores responsáveis por ativar ou inibir a transmissão dos impulsos relacionados à dor, além de aumentar a percepção dolorosa. Estudos mostram que o controle da dor crônica é mais difícil entre as pessoas com distúrbios do sono.
ENQUETE
Em enquete realizada no Portal Unimed JP, 67% dos entrevistados afirmaram, dormir, apenas 6 horas, ou menos, por dia. Das 154 que responderam a pergunta \"Quantas horas você dorme por dia\", 33% assinalaram dormir 8 horas ou mais - sendo 8% conseguem dormir mais de 8 horas; e 25%, 8 horas.
Esta semana foi disponibilizada uma nova enquete no Portal Unimed JP. Os internautas poderão responder a pergunta \"Você usa protetor solar em dias nublados?\". As opções disponíveis são: sempre, às vezes, nunca, não sabia que era necessário.
As pessoas que quiserem podem sugerir temas para as próximas enquetes. Para isso, só precisa enviar um e-mail para: [email protected].
Com insformações da Revista Veja