Há três anos, a enfermeira Flávia Noronha começou a sentir dores no período menstrual. Depois de muitas idas ao médico, o diagnóstico veio no final do ano passado: endometriose, uma doença que acomete, aproximadamente, 10% das mulheres em idade fértil e que pode comprometer a qualidade de vida e até incapacitar para atividades habituais. Março é o mês mundial de conscientização da endometriose.
“Nunca havia sentido cólica. Mas, o fluxo ficou intenso, com coágulos e uma dor que eu não aguentava. Chegou um momento em que eu tinha vergonha da minha dor, que [pensava que] era psicológica, pois alguns profissionais me falavam que ter cólica era normal”, lembra.
Flávia, hoje com 33 anos, e o marido estavam na tentativa de engravidar, mas, apesar da ovulação normal, não conseguiam. Foi então que fez um exame para ver a saúde das trompas. O resulto foi a obstrução causada pela endometriose. “Já passei por duas cirurgias e a médica nos liberou para começar novamente as tentativas de engravidar. Em todo esse processo, não só eu sofri, mas também meu marido”, conta.
DOENÇA INFLAMATÓRIA
O diagnóstico de Flávia foi dado pela ginecologista e endoscopista Carolina Bandeira, médica cooperada da Unimed João Pessoa. Com 10 anos de experiência em casos de endometriose, ela explicou que essa é uma doença de caráter inflamatório, causada pela presença do endométrio fora do seu local habitual. “Esse tecido irá se proliferar na pelve ou em locais extrapélvicos, como fígado, apêndice e pulmão, através do estímulo estrogênico, desencadeando uma doença crônica e progressiva”, explica.
A endometriose é caracterizada por dor pélvica e infertilidade. A paciente costuma ter quadros de dores de forte intensidade no período menstrual, dores nas relações sexuais, dor ao evacuar ou urinar, com piora a cada ciclo, ao longo dos anos. A infertilidade é um sintoma presente em cerca de 50% das pacientes e ocorre em decorrência do caráter inflamatório. Com o avançar da doença ao longo dos anos, pode haver comprometimento de órgãos como intestino, bexiga e ureter, trazendo prejuízos às funções.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da endometriose é clínico, com base nos sintomas relatados pelas pacientes. “Com isso, realizamos exames de mapeamento para identificar possíveis focos de acometimento. No Brasil, estima-se um período de dez anos entre a primeira dor e o diagnóstico da doença”, disse a médica.
A especialista alerta que mulheres que apresentam dores intensas, comprometimento da qualidade de vida no período menstrual e dores nas relações sexuais devem dar atenção a esses sintomas e buscar ajuda profissional para diminuir o tempo de diagnóstico. Dessa forma, terão melhor qualidade de vida e as consequências trazidas pelas doença serão reduzidas.